O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, revelou esta quinta-feira na rede social X que se encontrou com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas e que discutiu com ele a renovação necessária da liderança militar, tendo-o informado de que é tempo de encontrar um novo líder.
“Encontrei-me com o general Valerii Zaluzhnyi. Agradeci-lhe pelos dois anos a defender a Ucrânia. Discutimos a renovação de que as Forças Armadas da Ucrânia necessitam. Também discutimos quem poderia fazer parte dessa liderança renovada das Forças Armadas da Ucrânia. O tempo para essa renovação é agora. Propus ao general Zaluzhnyi continuar a fazer parte da equipa. Definitivamente, vamos vencer”, escreveu o presidente ucraniano na rede social.
O Ministério da Defesa da Ucrânia confirmou logo em seguida a destituição de Zaluzhnyi do cargo de chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.
Em comunicado, Zelenskyy informou depois ter nomeado para chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia o coronel-general Oleksandr Syrskyi, que liderava a defesa da capital quando a Rússia invadiu a Ucrânia.
“Ele foi o cérebro por trás do bem-sucedido contra-ataque surpresa em Kharkiv no verão passado. Agora, é o líder das operações militares no leste da Ucrânia – um dos dois principais eixo da contraofensiva da Ucrânia”.
O comunicado do ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, agradece a Zaluzhnyi o serviço mas assinala que era necessária uma nova direção para o exército. “Novas abordagens e novas estratégias são necessárias. Hoje, foi tomada uma decisão devido à necessidade de mudar a liderança das Forças Armadas da Ucrânia”, sublinha a declaração.
Demissão confirma especulação
Nas últimas semanas, especulava-se que o presidente da Ucrânia estaria prestes a demitir o popular Zaluzhnyi e que até já lhe teria pedido para resignar, mas que o general teria recusado.
O desentendimento entre Zelenskyy e Zaluzhnyi ficou evidente aquando da contraofensiva lançada pela Ucrânia no ano passado, e que conseguiu ganhos limitados no sul e leste da Ucrânia.
Num artigo para a revista britânica The Economist, Zaluzhnyi tinha escrito que a guerra entrara numa nova fase de atrito, o que lhe mereceu um comentário de reprovação por parte de Zelenskyy.
No início desta semana, numa entrevista a uma estação de televisão italiana, o presidente ucraniano admitira que estava a preparar uma remodelação nos cargos de topo do país, detalhando que as mudanças não se limitavam às lideranças militares.
“Quando falo em mudança, tenho em mente algo sério que não diz respeito a uma única pessoa, mas à direção da liderança do país”, afirmou na entrevista.
“Temos de empurrar todos na mesma direção, não podemos perder ânimo, temos de ter energia positiva, a negatividade tem de ser deixada em casa”, acrescentou ainda.