O município fronteiriço do Nóqui, situado a 172 quilómetros a noroeste da cidade de Mbanza Congo (Zaire), está desprovido de dependências bancárias, o que tem provocado a deslocação constante dos munícipes para a capital da província.
Em declarações hoje, terça-feira, à Angop, o administrador municipal do Nóqui, Miguel Pedro, caracterizou a situação de bastante complicada, tendo em conta os riscos de assaltos que os munícipes locais são alvos durante o percurso Mbanza Congo/ Nóqui.
“Estamos cansados de tanto falar sobre a falta de bancos no nosso município, assim como de explicar sempre à população local sobre a ausência destes serviços no Nóqui, porque não depende directamente do governo”, deplorou.
Explicou que, há anos atrás, a administração local cedeu uma estrutura para a abertura da dependência do Banco do Comércio e Indústria (BCI) na sede municipal, que inclusive chegou de colocar a antena do sistema de telecomunicações que foi removido meses depois, deixando os munícipes num desespero.
“A conclusão em que devemos chegar é de que as agências bancárias estão desinteressadas em colocarem os seus serviços aqui no Nóqui”, retorquiu.
Acrescentou que as autoridades administrativas do município haviam cedido também um lote de terreno para a construção da agência do Banco de Poupança e Comércio (BPC), cujas obras estão há muito paralisadas.
Miguel Pedro considerou crucial a abertura de um banco para dinamizar a actividade económica da localidade e dar suporte a arrecadação de receitas fiscais, através dos serviços alfandegários do posto fronteiriço com a cidade de Matadi, capital da província do Congo Central (RDC).
O município do Nóqui, banhado pelo rio Zaire, é potencialmente turístico e agrícola, com destaque para o cultivo de citrinos que têm o Congo Democrático como mercado preferencial para a sua comercialização.
Por falta de bancos, a população local faz mais uso da moeda congolesa (Franco) em detrimento do Kwanza, pelo facto de a maior parte das transacções comerciais estarem a ser efectuadas do outro lado da fronteira.
Segundo o administrador, a mesma situação se passa com as telecomunicações, cuja única rede de telefonia móvel nacional “UNITEL” sofre interferencias das ondas de redes congolesas instaladas junto da fronteira comum.
O município montanhoso do Nóqui conta actualmente com uma população de 22 mil e 826 habitantes (dados do último censo), distribuídos nas comunas do Mpala, Lufico e Sede. (ANGOP)