Yuri da Cunha festejou os 30 anos de carreira com o concerto “Roda de Semba” realizado, sábado, no Maré Nostrum, Ilha de Luanda, tendo como convidados Euclides da Lomba, Prodígio e Paulo Flores.
O “showman” fez jus ao título “Mr. Pulungunza”. A primeira manifestação aconteceu na música de abertura “Santa Maria”, que deu arranque para um “medley” com outras canções entre as quais “Nguitabule”, do mestre Kituxi, para outras canções do grupo tradicional que do Marçal conquistou o mundo.
Respeito também aconteceu ao introduzir, no alinhamento “Canção Nostalgia”, “Mukajiami” e “Alukase”, ambas de Carlos Burity, um dos maiores cultores do semba. Seguiu-se “Sembele” de Bangão, “14 Chuvas” de Teta Lando, e outros temas de artistas que contribuiram para a música angolana e continuam a dar alegrias.
Bonga esteve presente em temas como “Kamakove” e outros que foram tocados na roda de semba, assim como música que fez em homenagem ao Embaixador da Música Angolana em “Obrigado Bonga Kwenda”.
Yuri da Cunha reconheceu a importância de Nelo Paím e Xiko Santos na fase inicial da carreira e desta época convidou uma cantora para interpretar “Amigo”, música que o lançou como cantor infantil.
A roda de semba, também foi partilhada com a balada “20 anos de casado”, kizomba em “PPP”, “Garina Boa”, “Já faz três meses” e outras que proporcionaram boas passadas. O convidado Euclides da Lomba, antes de cair no estilo que o caracteriza, com Nelo Paím, fez voz e piano, em “Caso de amor e ternura” e “Falso confidente”. Depois avançou na kizomba com mensagens românticas em “Mil motivos” e ” Regressa” nos primeiros duetos da festa.
Prodígio, inspirado no conceito de Yuri da Cunha produziu o “Roda de Hip-Hop”, sendo responsável pela introdução de Rap. Partilharam o palco em “Eu Fui para o inferno e voltei” e “Mãe zungueira”, depois o integrante da Força Suprema agitou a plateia em “Playa”, “D1luv” e “Swagg all over” bem acolhidos pelo público.
Ao som de “Kandengue Atrevido”, subiu Paulo Flores e juntos cantaram: “Também somos linha de frente de toda esta história/ Nós somos do tempo do semba sem massa e sem glória/E não se discute talento, mas se eu argumento, me faça um favor/ Respeita quem pôde chegar onde a malta chegou”, canção retrato biográfico do contributo dos dois na defesa e na renovação estética do semba.
Os compadres da EP “Tempo das Bessanganas” cantaram “Vamos ficar como papá nos deixou”, recordando David Zé em “Rumba Zatukine”, e depois de outros temas colaborativos, como “Njila dya dikanda”.
Com o filho Kiari Flores, cantou o tema que escreveu para o Pai Cabé, “No País que nasceu meu pai”. O cronista social mexeu com a assistência numa performance que prendeu todos. Fechou o seu momento em mais um dueto, desta vez, revivendo Carlos Burity e com Yuri emocianaram os presentes em “Canto do Semba” e todos cantaram “semba é a nossa bandeira”.
Ao longo do concerto, temas poucos explorados nos últimos anos foram recordados como “Madalena”, “Kuma Kwa Kié”, “Ma-kumba”, “Essa quer me matar”, “Simão”, “Kiene kimoxi”e do mesmo modo como o “showman” levou ao palco danças e jargões do passado como “atchutchuta”, “tchubila”, “vamu lá”, “amiga da gatuna” e outros acompanhados pela plateia e com os dançarinos nos coreografias em palco.
Yuri da Cunha apostou a trabalhar em família e amigos de infância e desta forma os lançou na produção de espectáculos neste marco dos trinta anos de carreira. Em palco, teve a direcção artística do baixista Mayo Bass, também em destaque na marcação perfeita do semba. Manecas Costa esteve a liderar o trio de guitarristas como solista, com Sankara e Kiari a dividirem o contra-solo e ritmo. Na secção da percussão esteve Dinho Silva (bateria), Xiko Santos (congas) e Chalana Dantas (dikanza). Estiveram, também, em palco Rodrigo (saxofone), Micael (trompone), Nelo Paim e Genial seguraram os teclados, Beth e Carla Moreno como coristas.