William Ruto foi empossado como presidente do Quénia, esta terça-feira, dia 13 de Setembro, depois de vencer de forma tangencial as eleições do passado dia 9 de Agosto, num país que é considerado como uma das democracia mais estáveis da África Oriental.
Ruto, de 55 anos, foi vice do ex-presidente Uhuru Kenyatta, mas zangaram-se e estiveram meses a fio sem se falarem, e o ex-presidente apoiou mesmo o seu opositor às eleições presidenciais.
Mas esta terça-feira, os dois apertaram as mãos e foram aplaudidos, na altura em que Kenyatta entregava o poder ao seu vice-presidente, agora nas vestes de novo presidente.
Mas a cerimónia começou com caos e violência. Dezenas de pessoas foram esmagadas e feridas enquanto forçavam a entrada no estádio lotado. Um médico disse que uma cerca caiu depois de ter sido empurrada pela multidão e cerca de 60 pessoas ficaram feridas, embora o número possa aumentar, mas não há relatos de morte.
As pessoas tentaram esquivar-se das forças de segurança que empunhavam bastões.
Ruto está a assumir o poder de um país fortemente sobrecarregado por dívidas o que vai desafiar a sua governação também pelas inúmeras promessas que ele fez durante a campanha dirigidas aos mais pobres.
Com a transição, a presidência do Quénia passa para de líder indiciado pelo Tribunal Penal Internacional para outro. Tanto Kenyatta quanto Ruto foram indiciados pelos seus papéis na violência mortal pós-eleitoral de 2007, mas os casos foram posteriormente encerrados depois de alegações de intimidação de testemunhas.
A eleição de Agosto foi pacífica num país com histórico de violência política. O caos pontual só eclodiu nos minutos finais, quando a comissão eleitoral se dividiu publicamente e apoiantes proeminentes de Raila Odinga tentaram impedir, até fisicamente, a declaração de William Ruto como vencedor.
A campanha de Ruto retratou-o com alguém com passado humilde, a andar descalço e vender galinhas na beira da estrada, em contraponto às dinastias políticas representadas por Kenyatta e Odinga.
Mas Ruto recebeu uma orientação política poderosa quando foi um jovem assessor do ex-presidente Daniel Arap Moi, que supervisionou um estado de partido único durante anos, até que os quenianos pressionaram com sucesso para terem eleições multipartidárias.
Ruto agora fala de democracia e prometeu que não haverá retaliação contra vozes dissidentes.
O candidato perdedor, Odinga, de 77 anos, que embora tenha afirmado que “o resultado da eleição permanece indeterminado”, de acordo com um porta-voz, em declarações à à Associated Press, é “altamente improvável” que ele tente declarar-se o “presidente do povo”, como fez depois de perder a eleição de 2017.