O treinador de 47 anos e que nasceu em França, fez história com a seleção de Marrocos.
É o novo herói nacional e do continente africano: Walid Regragui, de 47 anos, nasceu em França, mas fez história pela seleção dos “Leões do Atlas”: comandar uma seleção africana às meias-finais do Mundial 2022.
O percurso histórico
Este caminho histórico começou no verão de 2022. A 31 de agosto, Walid Regragui foi anunciado como o selecionador de Marrocos, sucedendo Vahid Halilhodzic. Regragui chegou ao comando da seleção marroquina como campeão africano de clubes, ao conquistar a Liga dos Campeões CAF pelo Wydad Casablanca.
Com a seleção marroquina já apurada para o Mundial (conseguiu apuramento através de “paly-off” em março deste ano), Walid afirmou que Marrocos não iria ao Catar fazer apenas três jogos e vir para casa. O grupo em “sorte” foi o F, com Croácia, Bélgica e Canadá. Num grupo onde tinha o vica-campeão do mundo e o 3º classificado do último Mundial (2018), Marrocos não era aposta dos mais otimistas para seguir em frente na prova. Mas é dentro de campo que se mostra quem é o favorito.
Logo no jogo de abertura, empate a zero frente à Croácia, vice-campeões do mundo, num jogo em que Marrocos teve falta de eficácia. Na segunda partida, resultado histórico. Frente à seleção terceira classificada no Mundial da Rússia, Marrocos meteu a Bélgica no “bolso” e venceu por 2-0, numa exibição que deixou o Catar de boca aberta.
Com a qualificação a um ponto de distância, Regragui assumiu que a seleção era candidata a seguir em frente e Marrocos venceu por 1-2 o Canadá, no único golo sofrido até agora pela seleção marroquina. Curiosidade: o golo sofrido foi um autogolo de Aguerd.
Primeiro lugar do grupo F e no emparelhamento com o 2º lugar do grupo E, vinha a poderosa Espanha. Mas a seleção espanhola, no desempate por grandes penalidades, não teve pés para ultrapassar Bounou. Depois seguiu-se Portugal e En-Nesyri resolveu fazer história e marcar o golo que apurou Marrocos para a meia-final. Em dois jogos, Marrocos eliminou a Península Ibérica.
A “teia” de Regragui
Marrocos joga em 4-3-3, mas as dinâmicas são de uma seleção na base da coesão, solidariedade defensiva e muita resiliência. À cabeça, Yassine Bounou. O guarda-redes do Sevilha e que nasceu no Canadá, tem sido um autêntico herói da seleção marrroquina. Seja de cabeça ou com o pé, de penálti ou lance corrido, ainda nenhum adversário conseguiu bater o guarda-redes marroquino.
Na defesa, Aguerd e Saiss têm sido imperiais, já para não falar dos laterais Hakimi e Mazraoui. Provavelmente, a seleção marroquina tem as “asas” mais completas do Mundial 2022. Laterais capazes de fazer “piscinas” durante 90 minutos (mais extras) e com grande capacidade técnica para carregar a bola e servir o setor ofensivo.
No meio-campo, Amrabat tem sido um autêntico polvo. O médio defensivo de 26 anos, que joga na Fiorentina, parece que tem “tentáculos”. Chega a todas as bolas, tem um raio de ação gigante e não complica: destrói jogo e rapidamente distribui para os colegas. Destaque também para Ounahi, o camisola 8 de Marrocos, demonstra ter um coração de leão, jogando em terreno aberto e com um pulmão que não se esgota.
Na frente, talento, imprevisibilidade e mais talento. Ziyech e Boufal partem qualquer linha defensiva na finta, na genica, na imprevisibilidade. No um para um, são letais no último terço. O camisola 9, En-Nesyri, chegou ao Mundial sem qualquer golo marcado pelo Sevilha na La Liga. Mas já soma dois golos no Mundial (vs. Canadá e vs. Portugal). O avançado de 25 anos é possante, inesgotável e muito trabalhador.
Até onde irá Marrocos neste Mundial?
DW
Por António Deus