O vice-presidente da República, Bornito de Sousa, rendeu homenagem a António Agostinho Neto, o nacionalista que a 11 de Novembro de 1975, proclamou Angola como Estado independente do regime colonial português.
No memorial Agostinho Neto depositou uma coroa de flores no sarcófago onde repousam os restos mortais do fundador da Nação, falecido a 10 de Setembro de 1979, em Moscovo, na altura capital da União da Repúblicas Socialistas Soviéticas, ex-URSS.
Já na Praça da República, no pátio do memorial, Bornito de Sousa afirmou que Agostinho Neto deixou a sua marca enquanto estadista, político, diplomata, homem de cultura, médico e humanista, dedicando o seu melhor na gestão do país, recém-independente e ainda envolto em conflitos internos e agressão externa.
Recitou um poema de Neto e citou frases do líder consideradas “intemporais de dimensão nacional, africana e universal” tais como “ o mais importante é resolver os problemas do povo” “De Cabinda ao Cunene, Um só povo e uma só Nação”, e “A agricultura é a base e a indústria, o factor decisivo do desenvolvimento.”
“Angola é e sempre será por vontade própria, a trincheira firme da revolução em África”, “A África parece um corpo inerte onde cada um vem debicar o seu pedaço.”, “Ah, quem comparou a África a uma interrogação cujo ponto é Madagáscar?” e “No Zimbabwe, na Namíbia e na África do Sul está a continuação da nossa luta”, como outras das máximas do Presidente fundador.
O vice-presidente da República aproveitou a ocasião para apelar rigoroso cumprimento das medidas sanitárias no seio das famílias, locais de trabalho e de estudo, na rua, nos transportes colectivos e nos locais abertos ao público, para se cortar a transmissão do covid 19, para o retorno controlado a “normal” vida.
Defendeu a continuidade do programa 2020 a 2022, que visa, dentre outros, promover a luta contra a corrupção, aumentar a produção nacional de bens e matérias-primas, bem como o combate à pobreza e o desenvolvimento das comunidades
Valoriza a contínua melhoria do ambiente de negócios e os serviços de educação, saúde e protecção social, e a criação de condições para a organização das eleições locais.
Exortou atenção ao combate a malária, primeira causa de morte em Angola devendo, a par da tuberculose, da SIDA, da tripanossomíase e outras zoonoses, bem como das doenças crónicas evitáveis.
Encoraja a contínua municipalização dos serviços de saúde, vacinação infantil, formação dos médicos, enfermeiros e técnicos de saúde, a expansão dos agentes de desenvolvimento comunitário e sanitário (ADECOS) e o incentivo ao voluntariado social.
Nascido a 17 de Setembro de 1922, António Agostinho Neto foi presidente de Angola de 11 Novembro de 1975 até 10 de Setembro de 1979, altura da sua morte.
Filho do pastor da Igreja Metodista Unida Americana e professor, Agostinho Pedro Neto, e da professora Maria da Silva Neto, Agostinho Neto fez os seus estudos secundários no Liceu Nacional Salvador Correia, em Luanda.
Licenciou-se, depois, em medicina na Universidade de Lisboa, Portugal, onde desenvolveu intensa actividade política, no seio dos movimentos de estudantes e jovens independentistas africanos, e casou-se com Maria Eugénia Neto, escritora, poetisa e jornalista.
Neto foi, na década de 50, secretário-geral da delegação (em Coimbra – Portugal) da Casa dos Estudantes do Império e membro fundador do Centro de Estudos Africanos, em conjunto com Amílcar Cabral (Guiné-Bissau), Mário Pinto de Andrade (Angola), Marcelino dos Santos (Moçambique) e Francisco José Tenreiro (Angola).
Mais tarde, tornou-se fundador do Clube Marítimo Africano. Devido à sua participação activa nos movimentos estudantis nacionalistas, foi preso diversas vezes pela polícia política portuguesa (PIDE), dando origem a campanhas internacionais de solidariedade para a sua libertação.
Em 1962 subiu à presidência do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Ao longo da década de 70, liderou as actividades políticas e de guerrilha do MPLA e o processo de descolonização (1974/75) a partir de Argel (Argélia) e Brazzaville (República do Congo) até ao seu regresso a Angola, a 4 de Fevereiro de 1975.
Na literatura, destaca-se com “Náusea” (1952), “Quatro Poemas de Agostinho Neto” (1957), “Com os olhos Secos”, edição bilingue português – italiano (1963), “Sagrada Esperança” (1974), “Renúncia Impossível” (edição póstuma 1982) e “Poesia” (edição Póstuma 1998).