Angola vendeu pela primeira vez uma dívida pública emitida na moeda angolana, a um comprador estrangeiro que adquiriu 4,5 mil milhões de kwanzas, equivalentes a 9,1 milhões de euros, numa operação mediada pela Standard Bank Angola.
O facto de ter sido um cidadão não residente a comprar essa dívida em kwanzas pode significar confiança no mercado nacional e nas reformas feitas na economia e no sistema financeiro angolano, mas pode ser também apenas o atrativo de juros altos a curto prazo.
O consultor económico Galvão Branco pensa que o negócio de venda de dívidas em forma de títulos é atrativa, mas entende que o facto de ter sido um estrangeiro não residente a adquiri-la não quer dizer rigorosamente nada.
“Qualquer cidadão pode eventualmente entrar para o mercado de títulos caso tenha condições de caixa porque é um bom negócio do ponto de vista financeiro, pelos juros altíssimos, quer pelo período de maturação extremamente curtos”, sustenta Branco.
“Agora, o facto de ter sido um investidor não residente, não quer significar rigorosamente nada”, acrescenta.
Mas para o economista e jornalista Carlos Rosado de Carvalho a novidade está exactamente no facto de ter sido um investidor estrangeiro a adquirir tal dívida já que para ele o facto da dívida pública ter sido emitida em kwanzas, não há novidade, e o valor da transação é insignificante.
“O Governo sempre emitiu dívidas públicas em kwanzas, aqui não há nada de novo, agora o que aconteceu, supostamente um investidor (estrangeiro) comprar essa dívida cá, esta é para mim a novidade”, afirma, destacando que “o valor da transação é bastante baixo, com pouco significado, é mais uma compra simbólica”.
Por seu turno, o economista Faustino Mumbica é de opinião que pouco ou nada significa esta transação, para a economia angolana.
“Não se trata tanto de confiança no mercado angolano, mas sobretudo, oportunidade de negócio para quem compra porque de certeza esta dívida pública emitida em kwanzas estará indexada ao dólar”, afirma aquele especialista.