Governo diz que duas pessoas morreram numa troca de tiros na residência de Yaya Dillo, potencial candidato à sucessão de Idriss Déby. Opositor afirma que cinco familiares foram mortos pelas forças de segurança.
Duas pessoas foram mortas e cinco ficaram feridas, este domingo (28.02), depois de as forças de segurança tentarem deter uma figura da oposição chadiana que quer candidatar-se à Presidência em abril, anunciou o Governo.
Três dos feridos são elementos das forças de segurança que foram alvo de tiros a partir da residência de Yaya Dillo Djerou, segundo o porta-voz do Governo, Cherif, Mahamat Zene. “Não tiveram outra hipótese se não devolver os disparos em auto-defesa”, afirmou.
O comunicado adianta que as forças de segurança se dirigiram à casa do opositor para o deter, depois de Dillo ter recusado responder a dois mandados judiciais, e foram recebidos com resistência armada. O documento não esclarece a que se referem os mandados e os detalhes da troca de tiros ainda não foram confirmados por fontes independentes.
Na madrugada de sábado (27.02), Yaya Dillo, antigo líder rebelde nomeado ministro depois de unir forças com o Presidente Idriss Déby, anunciou no Facebook que militares e agentes da polícia tinham cercado a sua residência, em N’Djamena. “Acabaram de matar a minha mãe e vários familiares”, acrescentou, minutos depois. “Um veículo blindado arrombou a minha porta. A luta pela justiça tem de continuar para salvar o nosso país. Meus caros compatriotas, ergam-se!”, escreveu na última mensagem.
A
Chade vive momento de tensão
Ouvido pela agência de notícias Reuters, Dillo reafirmou que foi atacado por membros da guarda presidencial na sua residência e que cinco membros da sua família tinham morrido, incluindo a sua mãe. Ainda não foi possível confirmar se o opositor foi ou não detido.
Num comunicado ao final do dia, o porta-voz do Executivo, Mahamat Zene, condenou o que descreveu como uma “rebelião armada no coração da capital”. O Governo acredita que estava a ser planeada há muito tempo, acrescentou.
A Internet está em baixo na capital desde a manhã de domingo, segundo testemunhas ouvidas pela Reuters. Dillo, uma das 16 pessoas que já anunciaram a intenção de concorrer à Presidência do Chade, em abril, afirma que a sua residência está cercada por forças do Governo desde o incidente.
O país vive momentos de tensão, nas vésperas das eleições. No início do mês, as autoridades proibiram as marchas e protestos em N’Djamena e nas províncias. A 18 de fevereiro, um tribunal do Chade condenou um ativista dos direitos humanos a três anos de prisão, por escrever que Idriss Déby estava gravemente doente e a receber tratamento em França. Déby, que lidera o Chade há mais de 30 anos, candidata-se a um sexto mandato.