A linha ferroviária entre as províncias de Luanda e de Malanje continua a ser vandalizada por grupos de malfeitores, que destroem os muros de vedação, vendem por cima dos carris e colocam objectos na via, ameaçando a circulação dos comboios.
Preocupada com a situação, a direcção do Caminho de Ferro de Luanda (CFL) estabeleceu uma parceria com os Serviços de Protecção Civil e Bombeiros para no local se fazer um diagnóstico da situação da via, de modo a prevenir acidentes ferroviários e garantir a segurança na circulação dos comboios em todo o percurso entre Lu-anda e Malanje.
Uma comissão de especialistas do CFL e da área de salvamento e resgate dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros, chefiada pelo comissário Mateus Vunda, partiu ontem de comboio da Estação do Bungo ao Quilómetro 30, com a finalidade de constatar as condições de segurança naquele importante percurso ferroviário, tendo constatado situações que merecem uma atenção urgente.
Em declarações à imprensa, o comissário Vunda disse que foi constatado que a circulação ferroviária carece de intervenção urgente do CFL e dos Serviços de Protecção Civil e Bombeiros, devido aos amontoados de lixo ao longo da linha férrea.
Segundo o comissário Vunda, a visita de constatação serviu, também, para os Serviços de Protecção Civil e Bombeiros e o CFL traçarem uma estratégia de sensibilização junto das pessoas, no sentido de não deitarem lixo por cima do trilho dos comboios, bem como a usarem a passadeira para fazer a travessia, a proibição da comercialização de produtos diversos a escassos metros da linha férrea, assim como a denúncia dos indivíduos que vandalizem os muros e grelhas metálicas de protecção dos caminhos-de-ferro.
Por sua vez, a engenheira e directora-adjunta da Área de Infra-estruturas do Caminho de Ferro de Luanda (CFL), Rosa Kajinga, apresentou as dificuldades que a instituição enfrenta para manter o comboio a circular em segurança.
Rosa Kajinga disse que, durante o percurso da estação do Bungo ao Quilómetro 30, foi constatado que as áreas do Dimuca, nos lados da cadeia da Petrangol, e do Tunga-Ngó, no Distrito Urbano do Rangel, são locais críticos para a circulação dos comboios, pelo amontoado de lixo por cima da trilha.
As áreas da Cuca e da Estalagem, esta última em Viana, são também pontos críticos, com grandes quantidades de lixo por cima dos carris.
Nessas localidades havia muita gente a vender produtos diversos no espaço reservado para a passagem dos comboios. O vandalismo das grelhas metálicas pelos vendedores também estava à vista de todos.
Constatou-se, ainda, na Estação do Musseque, construções desordenadas a escassos metros do perímetro ferroviário e as malhas metálicas de protecção foram arrancadas em muitos lugares, porque o CFL não tem como colocar um vigilante em cada local.
Em vários lugares, ao longo do caminho-de-ferro, há pedonais para facilitar a travessia, mas as pessoas preferem correr o risco de passar por cima dos carris, disse Rosa Kajinga.
“Os muros e as grelhas metálicas foram feitas para a protecção do cidadão, mas as pessoas preferem vandalizar”, disse desolada a responsável, anunciando que o CFL está a construir plataformas para facilitar a saída dos passageiros das estações dos comboios.
O CFL, inaugurado em 1909, tem uma extensão de 460 quilómetros e liga a capital angolana, Luanda, às províncias do Cuanza-Norte e Malanje.