Acordo prevê transferência de interesses da empresa japonesa para a Vale., e empresa brasileira venderá todo o projeto de extração de carvão a uma nova entidade. Em 10 anos, a Vale obteve lucro no país em 2017 e 2018.
A empresa japonesa Mitsui anunciou esta terça-feira (20.04) ter chegado a acordo com a mineradora brasileira Vale sobre os detalhes da sua saída do empreendimento conjunto de exploração de carvão em Moçambique.
Mitsui e Vale “executaram um acordo definitivo sobre a transferência de interesses” da empresa japonesa para a brasileira, que por sua vez deverá vender todo o projeto de extração e exportação de carvão a uma nova entidade. A transação entre Mitsui e Vale “deverá estar concluída ao longo de 2021, na sequência do cumprimento de condições preliminares, incluindo as aprovações das autoridades reguladoras competentes”.
A Mitsui vai assim liquidar as duas firmas que detém em Moçambique para conceder empréstimos para a mina de carvão de Moatize e para a linha férrea de escoamento para exportação no porto de Nacala, respetivamente.
Transferência de empréstimos
A liquidação será feita “após a transferência dos empréstimos detidos por ambas as empresas para a Vale” e respetivo fecho de contas. “Não se espera um impacto significativo nas demonstrações financeiras relacionadas com esta questão”, conclui a Mitsui.
A transação com a japonesa Mitsui é feita pelo preço simbólico de um dólar, mas passam para a Vale todas as despesas e encargos associados – incluindo um saldo em aberto de 2,5 mil milhões de dólares (cerca de dois mil milhões de euros).
A Vale anunciou em janeiro que “após a aquisição das participações da Mitsui e, consequentemente, após a simplificação do negócio e gestão de ativos”, dará início ao “processo de desinvestimento da sua participação no negócio de carvão, que será pautado pela preservação da continuidade operacional da mina de Moatize e do corredor logístico do norte [linha férrea], através da procura de um terceiro interessado nesses ativos”.
A Vale emprega cerca de 8 mil pessoas, perto de 3 mil trabalhadores próprios e os restantes subcontratados, sendo que o carvão é atualmente um dos principais produtos de exportação de Moçambique, destinado sobretudo à Ásia. Antes de vender todo o empreendimento, a Vale está a realizar investimentos com os quais espera alcançar uma retoma de produção, atingindo 15 milhões de toneladas de carvão em 2021 – após 5,1 milhões de toneladas em 2020. Ao longo de 10 anos de operação em Moçambique, só em dois (2017 e 2018) é que a empresa teve lucro no país.