Partidos políticos angolanos, na oposição, mostram-se divididos quanto à conclusão do Centro Africano de Estudos Estratégicos, sediado em Washington, (ACSS na sigla inglesa) de que as próximas eleições em Angola serão uma “mera formalidade” para manter o MPLA no poder.
Enquanto a UNITA e o PRS afirmam que o partido no poder, o MPLA, tem todas as condições criadas para mais um pleito fraudulento, a CASA-CE diz não ser bem assim.
Para o secretário-geral da UNITA, Álvaro Chicuamanga, o cenário que está a ser criado pelo MPLA confirma as constatações do ACSS e entende que Angola já está situada na lógica das “chamadas autocracias que se assistem um pouco pelo mundo.
O dirigente do principal partido da oposição angolana considera que “a forma lenta e desorganizada como o registo eleitoral oficioso está a decorrer suscita a primeira desconfiança”.
O deputado independente Makuta Nkondo também alinha pelo mesmo diapasão, mas diz que não há uma oposição economicamente forte para enfrentar o MPLA.
“O MPLA já montou todas as estatísticas das eleições porque não temos oposição em Angola, porque se tivéssemos não devia haver eleições com todos estes problemas. Um pobre não pode fazer política”, diz.
Por seu lado, Rui Malopa, secretário-geral do PRS, considera que o controlo da comunicação social, dos tribunais e do órgão que superintende as eleições indica que os resultados do pleito de 2022 não será diferente dos anteriores.
CASA-CE na contra-mão
Entretanto, o líder da CASA-CE, Manuel Fernandes questiona as constatações do Centro Africano de Estudos Estratégicos, embora admita que, por imposição legal, a oposição não controla os seus representantes na Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
Fernandes também minimiza a tese segundo a qual as eleições angolanas serão um mero formalismo.
O ACSS admitiu, num recente estudo sobre as eleições em países africanos, em 2022, que o pleito em Angola previsto para o mês de Agosto será “provavelmente pouco mais do que uma formalidade” e apontou a “criação de obstáculos burocráticos adicionais para a oposição”, como um sinal neste sentido.
Uma maioria nomeada pelo MPLA para a Comissão Nacional Eleitoral, o controlo das órgãos públicos de informação e a contagem de votos a nível central e não local foram apontados pelo centro como outros pontos controversos que favorecem o partido no poder.