A UNITA assinalou esta segunda-feira o 19° aniversário da morte em combate do seu líder histórico, Jonas Savimbi, o principal partido de oposição de Angola tendo hoje proposto a “criação de uma frente patriótica para a alternância do poder” no intuito de “salvar” Angola de uma “ditadura democrática”. Declarações que surgem numa altura em que o nível de crispação política entre o MPLA e a UNITA tem subido um novo patamar nos últimos dias, com trocas de acusações sobre o rumo do país.
A segunda força política do país que tem multiplicado as críticas ao desempenho do executivo de João Lourenço nomeadamente no que tange à questão dos Direitos Humanos e às condições de vida da população, tem acusado o MPLA de orquestrar uma campanha contra o seu líder, Adalberto da Costa Júnior, numa altura em que segundo uma recente sondagem, ele estaria à frente do chefe de Estado em termos de popularidade.
O MPLA que refuta as denúncias da UNITA, acusa por seu turno o principal partido de oposição de estar a tentar obter dividendos políticos de situações como os dramáticos acontecimentos de Cafunfo, em que confrontos entre manifestantes e forças da ordem resultaram num número incerto de vítimas mortais. Albino Carlos, porta-voz do partido no poder, acusa designadamente o líder da UNITA de tentar desviar as atenções sobre o MPLA no sentido de “escamotear os verdadeiros problemas que ele tem tido dentro da Unita” referindo-se a uma forte contestação de que Adalberto da Costa Júnior estaria a ser alvo no seio da sua formação.
Albino Carlos afirmou que o seu partido, neste momento, está é preocupado em criar as condições humanas, legislativas e políticas, no sentido de poder participar e vencer nos próximos desafios políticos e eleitorais.
Relativamente à sondagem indicando que o líder da UNITA conhece uma maior popularidade do que o Chefe de Estado, o também jornalista alega tratar-se de uma encomenda visando atingir o partido no poder e o Presidente João Lourenço. “Nós não damos importância absolutamente nenhuma, a esse tipo de campanha no sentido de descredibilizar a liderança política do MPLA e as grandes transformações que têm sido feitas sob a liderança do Presidente João Lourenço”, acrescentou o porta-voz do partido no poder.
UNITA desvaloriza as acusações
Em reacção, António Dembo, vice-presidente da UNITA, referiu não ter dúvidas de que a eleição de Adalberto Costa Júnior para a liderança desta força política terá provocado um certo nervosismo no campo adverso. “A partir da realização do último congresso da UNITA, elegeu-se o senhor Adalberto Costa Júnior como presidente da UNITA e isso, automaticamente, criou um certa febre por parte do nosso adversário principal, sabendo que ele é um fenómeno pela capacidade mobilizadora que tem demonstrado dirigir”, disse o deputado.
António Dembo declarou que os “camaradas” tentam “golpes baixos para confundir a sociedade, ou seja, montam-se alguns cenários pagando-se pessoas para falar bem do Governo e subsequentemente falar mal do nosso partido e do nosso presidente”, este responsável indicando ainda que a UNITA não tenciona responder às “provocações baratas”, afirmando estar “preocupada com o povo e com a vida interna da organização”.