O volume das trocas comerciais entre Angola e Estados Unidos da América (EUA) reduziu de 20,9 biliões de dólares, registados em 2008, para os actuais USD 2,3 biliões, representando um declínio de mais de 90 por cento.
Sem detalhar as razões desse declínio, o presidente da Câmara de Comércio Americana em Angola (AmCham-Angola), Pedro Godinho, recordou que a maior parte do valor registado nas trocas comerciais entre os dois países resultou da exportação e comercialização de petróleo.
Em declarações à imprensa, no final de mais um Fórum de Negócios, que serviu para celebrar o sexto aniversário da AmCham-Angola, apontou o reforço da melhoria do ambiente de negócio no país como um dos mecanismos necessários para inverter o actual quadro comercial e económico entre ambos países.
De concreto, apontou a facilitação e celeridade nos processos para a entrada de potenciais investidores no país como um dos aspectos que devem ser melhorados, para atracção de mais empresas americanas.
Por isso, sugere que o acesso de empresários interessados a investir em Angola seja feito em 24 ou 48 horas, à semelhança do que acontece em dezenas países do mundo onde os americanos também têm investimento.
Para Pedro Godinho, também é necessário que se comece a pensar na possibilidade de se isentar os vistos de entrada para os investidores, tal como em outras regiões do globo, com vista o crescimento e desenvolvimento socioeconómico de Angola, um país que tem potencial para fazer parte do grupo de 30 países mais desenvolvidos do mundo (G30), segundo consideram os americanos.
“A melhoria do ambiente de negócios em Angola constitui-se numa premissa muito importante para a atracção de mais investidores americanos no país, facto que irá diversificar e alargar as trocas comerciais”, afirmou.
Perante esse cenário, o presidente da AmCham assegurou que vai continuar a trabalhar com as autoridades governamentais angolanas, no sentido de melhorar os aspectos pontuais que têm dificultado a entrada de mais investidores em Angola.
Para além disso, a fonte garantiu que a sua agremiação vai primar pela transferência de conhecimento dos EUA para Angola, através da formação técnico-profissional e aposta na academia, incluindo igualmente os aspectos culturais de ambos os países, tendo em conta a similaridade histórico-cultural que une os dois povos.
Por outro lado, considerou positivo o desempenho da AmCham-Angola durante os seis anos de existência no país, por estar a cumprir com o seu propósito, que assenta, essencialmente, na potenciação das relações comerciais, económicas, culturais e académicas.
Fruto disso, destacou, actualmente o país conta com a presença de 60 empresas americanas que actuam em diversas áreas, com destaque para seis no ramo petrolífero e as restantes operam nos sectores como construção, telecomunicações, prestação de serviços, entre outros.
Além disso, referiu que a intermediação da Am-Cham também tem contribuído para a deslocação de distintas entidades e representantes de instituições financeiras americanas a Angola, nos últimos anos.
A título de exemplo, em Julho último, a presidente do Exim Bank dos Estados Unidos da América (EUA), Reta Jo Lewis, que disponibilizou 900 milhões de dólares para investir no sector das energias renováveis em Angola.
Adicionalmente, lembrou, o Development Finance Corporation (DFC), um Fundo de Desenvolvimento para as empresas privadas dos EUA, também está disponível a financiar 250 milhões de dólares para o Corredor Ferroviário do Lobito (Benguela – Angola), que vai ligar o Oceano Atlântico e o Índico, passando pela República Democrática do Congo (RDC) e Zâmbia.
Empresas americanas interessadas a investir em Angola
Na ocasião, o embaixador dos EUA em Angola, Tulinabo Mushingi, sublinhou que, em 2023, pelo menos 14 empresas manifestaram o interesse de investir em diversos sectores da economia angolana.
Segundo o diplomata, esses investidores estão cada vez mais próximos de transformar os seus projectos empresariais numa realidade, fruto da cooperação das autoridades governamentais angolanas.
Entre vários sectores de actuação dessas empresas, destacou a instalação de silos para o armazenamento de produtos agrícolas, assim como a construção de 186 pontes metálicas como as infra-estruturas prioritárias dos investidores.
A par desses investimentos a vista, o embaixador afirmou que ainda existe uma lista longa de empresários americanos interessados em investir em Angola.
“Além da segurança e boa governação, nós estamos a promover uma nova Angola, que precisa de uma nova estratégia para a captação de investidores. Por isso, se o ambiente de negócio melhorar, muitas companhias americanas virão investir no país”, alertou.
Para além de empresários, membros do Governo angolano participaram no Fórum de Negócios (Business Forum) da AmCham, realizado na noite de quarta-feira, em Luanda, que contou com a presença da delegação de 60 cidadãos americanos ligados à Sociedade Wiliam Tucker, que congrega descendentes dos primeiros angolanos a chegar aos EUA, há mais de 404 anos.
Entre as individualidades presentes neste evento destacou-se também a presença do ex-Vice Presidente da República de Angola, Bornito de Sousa.
Como convidado especial esteve o bastonário da Ordem dos Engenheiros de Angola (OEA), Paulino Neto, que apresentou a estratégia para estreitar a cooperação entre especialistas angolanos e americanos.
A Câmara de Comércio Americana em Angola é afiliada da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, fundada pelo Presidente William Taft, em 1912.
As AmChams estão presentes em mais de 118 países no mundo e visam promover os laços culturais, académicos, comerciais e económicos entre os Estados Unidos e os seus parceiros.QCB/AC