Os clubes milionários que pretendem organizar a nova Superliga ganharam uma batalha, mas isso não significa que o projeto vá em frente.
O Tribunal de Justiça da União Europeia deu razão aos promotores da Superliga, uma competição organizada por alguns dos clubes mais ricos da Europa, ao decidir que as normas da UEFA e da FIFA que até agora impedem este projeto dissidente são contrárias às normas da concorrência.
No entanto, o tribunal com sede no Luxemburgo frisa que a decisão tomada esta quinta-feira “não significa necessariamente que a Superliga deva ser autorizada”, dizendo que a decisão tem a ver com as normas da UEFA e da FIFA, de forma geral, e não com este projeto específico.
O projeto da Superliga foi iniciado por um conjunto de 12 clubes europeus: AC Milão, Inter, Juventus, Arsenal, Liverpool, Chelsea, Manchester City, Manchester United, Tottenham, Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid.
O TJUE é o mais alto tribunal da União Europeia e, por conseguinte, esta decisão não pode ser objeto de recurso, abrindo caminho à criação de uma nova competição mais emocionante e de um nível europeu em que os clubes podem determinar o seu próprio futuro.
Bernd Reichart
CEO, SuperLiga
Reagindo à decisão do tribunal, o CEO da Superliga, Bernd Reichart, disse: “Conquistámos o direito de competir. O monopólio da UEFA acabou”.
“O tribunal abriu, efetivamente, a porta à inovação no futebol e os clubes podem agora discutir e considerar, abertamente, propostas para resolver as questões mais prementes do desporto. O TJUE é o mais alto tribunal da União Europeia e, por conseguinte, esta decisão não pode ser objeto de recurso, abrindo caminho à criação de uma nova competição mais emocionante e de um nível europeu em que os clubes podem determinar o seu próprio futuro”, disse Reichart.
Mentalidade deve mudar
Pablo Ibáñez Colomo, Professor de Direito na London School of Economics, disse à euronews que A FIFA terá inevitavelmente de repensar algumas das suas práticas e refletir e ponderar melhor as suas regras.
“Na Europa, habituámo-nos a esta pirâmide, ou a esta estrutura quase monopolista, em que uma única organização ou um conjunto de organizações dentro da pirâmide estabelecem as regras para todos. Por isso, agora, é preciso repensar e fazer alguns ajustes”, explicou Colomo.
O projeto consiste numa espécie de Liga dos Campeões paralela, dissidente da UEFA, e um dos pontos mais importantes é que as transmissões televisivas serão gratuitas. A decisão faz o projeto parecer mais realizável, mas não há garantias de que se vá concretizar, ou de quando isso pode acontecer.
A SuperLiga reviu os seus planos originais para uma competição fechada entre os 12 melhores clubes da Europa. A qualificação seria feita através das ligas nacionais, à semelhança da Liga dos Campeões da UEFA.
A UEFA também tem planos para expandir a Liga dos Campeões, enquanto a FIFA está a reformular o Campeonato do Mundo de Clubes.