Trabalhadores da rádio próxima do MPLA estão sem salários há cinco meses e administração pensa em reduzir o pessoal
Trabalhadores da Rádio Morena Comercial (RMC), na província angolana de Benguela, ponderam observar uma greve a partir de 8 de Março, com serviços mínimos garantidos, devido a cinco meses de salários em atraso, falta de subsídios e outros incumprimentos.
O clima de descontentamento numa das emissoras ligadas ao MPLA, partido no poder, vem à baila na semana em que o Sindicato dos Jornalistas Angolanos acusou o Governo de inviabilizar incentivos a favor da imprensa privada.
Agora com emissões sem os programas da Igreja Universal do Reino de Deus, o principal parceiro comercial durante vários anos, a RMC sofreu um revés nas suas finanças, que inviabiliza, inclusive, o pagamento da segurança social dos trabalhadores.
À saída da assembleia, na quarta-feira, 24, que definiu o Dia Internacional da Mulher como marco para o início de uma paralisação, o primeiro secretário da Comissão Sindical, Dinho Carlos, afirmou, no entanto, que a reivindicação não implica conflito com a entidade patronal.
“Estamos a seguir o quadro legal e, em princípio, arrancamos com a greve dia 8 de Março. Para além dos cinco meses de salários, subsídios de Natal e de férias, temos outros pontos por reivindicar’’, indica o sindicalista, acrescentando haver “um conjunto de condições sociais em falta, exigimos a expansão do nosso sinal, por isso não é apenas a situação financeira, mas também o lado técnico’’.
Em tempo de aperto financeiro, que leva a direcção a equacionar uma redução da força de trabalho em 40%, é precisar continuar a amealhar o possível.
‘’Vamos ter uma paralisação de forma interpolada de seis dias, mas os serviços mínimos estão assegurados. Estou a falar da emissão de publicidade e os espaços pagos”, acrescentou o sindicalista.
Sem gravar entrevista, o director da RMC, José Lopes, admitiu haver legitimidade para uma greve e avançou que existem esforços para um quadro melhor.
Contactada pela VOA, a Socop, gestora das rádios no grupo empresarial GEFI, propriedade do MPLA, refere que tem conhecimento desta situação, mas não avança prazos para o pagamento de salários.
A RMC tem pouco mais de 20 trabalhadores, entre jornalistas, operadores de som, administrativos e seguranças.