Um discurso pouco ambicioso, mais virado para a súmula do que foi a campanha eleitoral, mas com um Presidente eleito a afirmar que vai dar atenção às forças vivas da sociedade na governação até 2027.
Estão são algumas reacções ao pronunciamento de João Lourenço, nesta quinta-feira, 15, no acto de investidura para um segundo mandato, testemunhado por 50 delegações estrangeiras e 15 mil pessoas.
O discurso de há cinco anos, feito em mais de 50 minutos, o dobro do tempo de hoje, entra nas contas do politólogo e investigador Carlos Pacatolo, que realça a falta de referência às autarquias e aos que não votaram em João Lourenço.
“Este é pouco ambicioso, bastante comedido, em que faz, no essencial, uma repescagem daquilo que foi a campanha. Ficamos sem saber se teremos autarquias nestes cinco anos, era bom que falasse”, resume, Pacatolo, acrescentando que “não fez referências, como fez a presidente do Tribunal Constitucional, àqueles que não votaram nele ou decidiram não votar”.
Em sentido contrário, o também director do Instituto Superior Jean Piaget/Pólo de Benguela louva o anúncio da participação da sociedade civil em matéria de gestão.
“Hoje não disse por estas palavras que vai governar só com quadros do partido, mas se abre a sociedade que estará disponível para ouvir contribuições das associações profissionais e académicos e outras forças. Mostra que vai estar mais aberto”, vinca aquele politólogo.
Sobre gestão participativa, o activista António Figueiredo, especialista em políticas de desenvolvimento local, diz que prefere esperar para ver.
“A vocação primária de um Governo é a boa governação, o que passa pela pluralidade e estreitar relações com vários actores, algo aberto, mas o problema em África, e particularmente em Angola, é entre a vocação e depois a prática, as palavras são apenas uma intenção”, lembra o presidente da Associação para Valorização do Homem Angolano (APHA).
Lourenço reafirmou compromissos como o emprego, mediante uma economia com oportunidades para todos, e na conclusão de projectos estruturantes como refinarias, centrais fotovoltaicas e barragens hidroelétricas.