O líder espiritual da Igreja Tocoista, Dom Afonso Nunes, anunciou, sexta-feira, a realização do primeiro Congresso Extraordinário da congregação, previsto para este ano.
Ao intervir na cerimónia de cumprimentos de Ano Novo, explicou que esta iniciativa visa, essencialmente, unir as alas ainda desavindas da igreja.
A Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo (Tocoista), fundada em 25 de Julho de 1949, está reconhecida pelo Estado angolano, desde 1992, com três alas e lideranças diferentes.
De acordo com Afonso Nunes, o Congresso Extraordinário será uma oportunidade ímpar para se buscar uma plataforma de entendimento e colocar fim às querelas iniciadas em 1984, após a morte do fundador da igreja, Simão Gonçalves Toco.
Conforme o responsável, a realização do evento deve abrir portas para uma discussão profunda sobre as várias visões ideológicas que ainda dividem os fiéis, e ajudar a evitar disputas de liderança por via judicial.
Noutro domínio, anunciou que a Igreja prevê inaugurar, este ano, três templos, em Portugal (Fevereiro), na República Democrática do Congo (Julho) e na província do Moxico (Maio).
Na área da saúde, anunciou que se pretende equipar o Instituto Superior Politécnico Tocoista (ISPT) com novos equipamentos laboratoriais de última geração, visando contribuir na qualidade de ensino no país.
“Com a aposta na formação de quadros altamente qualificados, vai ajudar o Estado no seu plano de elevar o país a patamares que lhe permitam assegurar o crescimento”, disse.
Dom Afonso Nunes apelou, por outro lado, ao governo angolano para continuar a trabalhar e seguir os caminhos mais adequados, que visam a felicidade do povo.
Para tal, considerou essencial que as autoridades governamentais cumpram os compromissos assumidos nas eleições gerais de Agosto de 2022, ganhas pelo MPLA.
Aconselhou os titulares de cargos públicos a ajudarem o Presidente da República, durante o presente mandato, na criação e execução de projectos capazes de melhorar a vida do povo.
“Caso o gestor público demostre incompetência em realizar com afinco as funções atribuídas, que tenha maturidade de colocar à disposição o cargo, sem esperar que o Presidente o exonere”, defendeu o religioso.
O Bispo disse esperar, ainda, que no ano de 2023 haja mais unidade, amor e perdão entre todos os angolanos.
Unidade em África
No domínio internacional, apelou à unidade dos líderes africanos, aos quais encorajou para continuarem a criar investimentos a favor do bem-estar dos povos, em vários sectores.
Segundo o líder tocoista, os africanos têm maturidade suficiente e recursos naturais para ultrapassarem as dificuldades actuais.
“Não acreditem, queridos líderes africanos, nas promessas que estão a ser feitas, porque num mundo de concorrências, não vejo como pode ser possível um concorrente ajudar o seu maior consumidor a sair do estado de dependência para o estado de independência”, alertou.
Explicou que a Igreja precisa de ajudar a libertar os governantes africanos daquilo que considera “prisão espiritual e psicológica”.