O registo eleitoral oficioso terminou nesta quinta-feira, 7, em Angola mas as autoridades que superintendem o processo consideram “prematuro” divulgar o número de eleitores registados por esta via, nem mesmo a título provisório.
Em declarações à imprensa pública, o director nacional do Registo Oficioso alegou existirem áreas de onde não é possível receber dados em tempo real.
“Falar de dados hoje é prematuro”, afirmou Fernando Paixão, sublinhando que “temos áreas inóspitas onde o nosso sistema está a trabalhar off line e portanto temos eventos a chegar à base para serem tratados”.
Paixão esclareceu, no entanto, que o registo é oficioso e que boa parte deste já foi feito por via da conjugação das duas bases de dados.
“O que estamos a fazer é a actualização das moradas de todos aqueles que, estando na base de dados em 2017, mudaram de residência, do número dos falecidos, dos condenados, que estão impedidos de votar, dos cidadãos que farão 18 anos depois da marcação das eleições”, explicou aquele responsável.
Quanto ao registo no exterior do país, o director do Registo Eleitoral reforçou as recentes declarações do ministro da Administração do Território(MAT) , Marcy Lopes, segundo as quais o mesmo só foi possível em 12 países devido aos constrangimentos e regras impostos pela covid-19, por alguns Estados.
“Estávamos condicionados aos vistos de acesso das nossas equipas para esses países. Para irmos à China, por exemplo, precisávamos de cerca de um mês porque tínhamos que fazer uma quarentena de um mês”, explicou Fernando Paixão.
De recordar que na passada semana, Marcy Lopes remeteu a divulgação dos dados do registo eleitoral para o momento em que o ficheiro informático de cidadãos maiores for entregue à Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
“É uma postura mais prudente”, referiu o ministro com o argumento de que por esta altura “nós teremos eliminado os falecidos e os condenados com penas transitadas em julgado por algum tribunal”.
Processo inquinado, segundo líder associativo
Entretanto, em jeito de balanço, o líder da Associação, Justiça Paz e Democracia considera que o registo eleitoral oficioso pecou por não ter sido acompanhado de uma ampla campanha de sensibilização dos “indecisos” e por terem sido criados poucos postos de atendimento o que, na opinião dele, inibiu muitos cidadãos, principalmente os jovens, de aderirem ao processo.
Serra Bango sugere mesmo que a redução dos postos de atendimento pode ter sido “intencional para beneficiar o partido no poder, o MPLA”.
“Vamos ter uma taxa de abstenção muito alta porque muitos jovens estão frustrados”, conclui aquele líder associativo.
O prazo para o registo eleitoral oficioso expirou a 31 de Março, mas foi alargado em sete dias por decisão do Presidente da República para que todas as pessoas interessadas pudessem recensear-se ou actualizar o seu registo.