A situação relatada ocorreu depois do anúncio do Presidente da República de dissolução da Assembleia Nacional Popular, feito na manhã de hoje pelo próprio Umaro Sissoco Embaló e oficializado em decreto presidencial.
Fonte da Televisão da Guiné-Bissau (TGB) disse à Lusa que, “por volta das 14:00”, chegaram às instalações “carrinhas de caixa aberta com militares fortemente armados e encapuzados”.
A fonte especificou que “perguntaram pelo director-geral, a quem pediram as chaves do gabinete e dos carros” e que mandaram o responsável “sair da televisão”.
Disse também que “o director-geral entregou as chaves e saiu”, tendo ainda mandado “recolher as chaves das viaturas, que entregou aos militares”.
De acordo com os relatos, os militares terão mandado, “momentos depois, ligar a emissão da TGB, mas já sem o director nas instalações, que entretanto, tinha ido embora para a sua casa”.
Neste momento, a emissão da TGB está no ar, mas apenas com música.
Situação idêntica foi relatada à Lusa por fonte da Radiodifusão Nacional (RDN Guiné Bissau), onde “quando o noticiário estava no ar, entrou nas instalações da Rádio um grupo de militares armados”.
“Pediram-nos que parássemos com o noticiário e parámos. Ordenaram-nos que saíssemos da rádio e saímos”, indicou a fonte, acrescentando que foi dito aos funcionários que “a rádio vai fechar até segunda ordem”.
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, decidiu hoje dissolver o parlamento, na sequência dos confrontos de quinta e sexta-feira entre forças de segurança, que considerou tratar-se de um golpe de Estado.
O Presidente da República tomou a decisão após uma reunião do Conselho de Estado.
Sissoco Embaló considerou “um golpe de Estado” o facto de a Guarda Nacional ter retirado o ministro das Finanças, Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, das celas da Polícia Judiciária, na noite de quinta-feira.
Na sequência deste ato, geraram-se confrontos armados entre a Guarda Nacional e o batalhão da Presidência, que foi resolvido com a intervenção da Polícia Militar e que resultou na detenção do comandante da Guarda Nacional, Vitor Tchongo.
Imediatamente a seguir ao anúncio do Presidente da República, observou-se em Bissau, uma forte presença militar nas ruas.
O presidente da Assembleia Nacional Popular, Domingos Simões Pereira, considerou a decisão do chefe de Estado “um golpe de Estado constitucional”, já que passou apenas meio ano das últimas legislativas e a lei determina que o parlamento só pode ser dissolvido passado um ano das eleições.
O líder do parlamento fez estes comentários à saída do hemiciclo guineense depois de os órgãos internos o terem aconselhado a dar por encerrada a sessão plenária que estava a decorrer e que o próprio queria prosseguir.
Domingos Simões Pereira, que se dirigia para fora do edifício, disse que considerava a decisão de dissolução do parlamento, nas actuais circunstâncias, “uma subversão da Constituição”.MOY/CS