A filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, que morreu nesta sexta-feira, 8, em Barcelona, exigiu ao centro médico Teknon a retenção do seu corpo para uma autópsia, na sequência de receios de “jogo baixo”.
Tchizé dos Santos “pediu… que o centro médico Teknon retanha o corpo… até que seja realizada uma autópsia apropriada com receios de que o corpo possa ser transferido para Angola”, disseram os seus advogados num comunicado.
Entretanto, momentos depois da morte do pai, Tchizé dos Santos escreveu no Instragam que “os pais nunca morrem porque são o amor mais verdadeiro que os filhos conhecem em toda a vida. Eles vivem para sempre dentro de nós”.
O texto é ilustrado com fotos da família.
José Eduardo dos Santos, de 79 anos de idade, foi levado de urgência para o hospital e colocado nos cuidados intensivos depois de sofrer uma paragem cardíaca a 23 de Junho, disse a sua família.
Na segunda-feira, 4, Welwitschia dos Santos apresentou um processo judicial contra a sua actual esposa, Ana Paula dos Santos, e o seu médico pessoal, João Afonso, por tentativa de homicídio, disse a polícia e os advogados.
Na declaração de hoje, os advogados da antiga deputada disseram que a queixa incluía alegações relacionadas com “tentativa de homicídio, incapacidade de exercer um dever de cuidado, ferimentos resultantes de negligência grosseira e revelação de segredos por pessoas próximas dele”.
De acordo com a queixa, Tchizé acredita que a actual esposa do seu pai e o seu médico pessoal são responsáveis pela deterioração da sua saúde.
Ela afirmou que o pai e a mulher estavam separados há algum tempo, o que significa que não tinha o direito de tomar decisões sobre a sua saúde.
A polícia confirmou ter recebido a queixa e que abriu um inquérito.
Tchizé dos Santos tinha também pedido às autoridades espanholas que assegurassem a protecção do pai e solicitou que apenas os seus filhos fossem autorizados a visitá-lo.
José Eduardo dos Santos governou Angola, país rico em petróleo, durante 38 anos até Setembro de 2017, quando decidiu não concorrer.
Nascido nos bairros pobres de Luanda, foi um dos líderes africanos que estiveram mais tempo no poder.
Ele é acusado de transformar uma das suas filhos em bilionária enquanto o país continua a ser um dos mais pobres do planeta.
Quando decidiu deixar o poder, Dos Santos endossou o seu então ministro da Defesa, João Lourenço, para a liderança do partido no poder, MPLA, e, consequentemente, candidato à Presidência da República.
Depois de assumir o poder em Setembro de 2017, Lourenço iniciou uma campanha anti-corrupção que atingiu fortemente a família do antigo Presidente para recuperar os milhares de milhões de dólares que suspeitava terem sido desviados sob o comando de José Eduardo dos Santos.