A companhia aérea TAP agravou os prejuízos nos primeiros nove meses do ano para 700,6 milhões de euros, depois do prejuízo de 110,8 milhões de euros no mesmo período de 2019, foi comunicado ao mercado esta segunda-feira.
Segundo a informação disponível no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), referente às contas da TAP S.A., parte integrante do Grupo TAP, o resultado líquido dos primeiros nove meses deste ano cifrou-se em -700,6 milhões de euros.
O resultado significa um agravamento dos prejuízos em 589,8 milhões de euros relativamente ao mesmo período do ano passado, para o qual contribuíram os 118,7 milhões de euros de resultados negativos no terceiro trimestre deste ano.
Em termos de EBITDA (rendimentos antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), os prejuízos da TAP atingiram os 172,9 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, um agravamento face aos lucros de 388,7 milhões de euros registados em igual período de 2019.
Já os resultados operacionais da companhia registaram, nos primeiros três trimestres deste ano, um prejuízo de 610,2 milhões de euros, uma variação negativa de 653,8 milhões de euros face aos lucros de 43,6 milhões de euros registados em igual período de 2019.
“O terceiro trimestre de 2020 iniciou-se como uma recuperação na procura, mas essa tendência foi revertida em meados de agosto, na sequência das novas restrições à mobilidade impostas nos vários países e destinos em que a TAP opera”, pode ler-se no comunicado enviado hoje pela empresa liderada por Ramiro Sequeira.
Segundo a empresa, “as reservas de bilhetes e o ‘load factor’ [relação entre uma carga específica e o peso total de aeronave] registados na primeira metade do terceiro trimestre, impulsionados pelo tráfego de lazer nas rotas europeias de médio curso e pelo segmento VFR (‘Visiting Friends & Relatives’) [visitas a amigos e família] no longo curso, foram encorajadores e contribuíram para manter os níveis de ocupação estáveis quando comparados com o segundo trimestre”.
No entanto, a recuperação “foi revertida pelas novas restrições às viagens e pela queda da procura associada ao aumento dos casos de covid-19”.
“Os indicadores do terceiro trimestre evidenciam que ajustamentos mais profundos terão de ser realizados para reduzir a diferença entre a queda das receitas operacionais e o corte de custos”, antecipa a empresa, que tem de apresentar um plano de reestruturação à Comissão Europeia até dia 10 de dezembro.
A TAP assinala “progressos importantes” no ajustamento de gestão que está a fazer, através de “medidas de proteção da sua posição de caixa, nomeadamente através do reforço de iniciativas para conversão de custos fixos em variáveis, renegociação de acordos comerciais e respetivos prazos de pagamento, suspensão de investimentos não essenciais e não renovação de contratos de trabalho a termo”.
“Os pagamentos associados ao ‘leasing’ operacional de aeronaves caíram 43%, quando comparados com igual período do ano passado, refletindo as negociações com ‘lessors’ para diferimento de pagamentos e reduções de rendas”, aponta a TAP, que espera uma poupança de 175 milhões de dólares (cerca de 146,4 milhões de euros) em 2020 relativa ao ‘leasing’ operacional de aviões.
A companhia calcula ainda que “no acumulado dos primeiros nove meses de 2020, o número de passageiros caiu 70% [menos 9,1 milhões de passageiros], a oferta (ASK) 64% e o ‘load factor’ 12,5 pontos percentuais, ficando nos 68,5%”.
Os custos operacionais reduziram-se em 41% no final de setembro face ao mesmo período do ano passado (queda de 2.446,4 milhões de euros para 1.451,4 milhões de euros), com o contributo da redução de 59% no terceiro trimestre, correspondente a uma descida de 912,6 milhões de euros em julho, agosto e setembro em 2019 para 377,8 milhões no mesmo período de 2020.