O suspeito de tentar assassinar Cristina Kirchner negou-se a depor perante a Justiça, que procura avançar em cinco linhas principais de investigação, incluindo a passividade dos seguranças responsáveis pela protecção da vice-Presidente, informou o Ministério Público.
Para garantir a segurança do detido, a juíza Eugenia Capuchetti e o procurador Carlos Rívolo deslocaram-se até à dependência policial em vez de conduzirem o acusado até o tribunal.
No entanto, este negou-se a depor no processo em que é investigado por tentativa de homicídio.
A juíza e o procurador decidiram interrogá-lo depois dos testes psicológicos indicarem que o homem estava em condições de depor, evitando que a defesa alegasse alguma irregularidade na obtenção de provas.
Paralelamente, a Polícia Científica continua com as perícias na pistola Bersa calibre 380 para determinar o motivo pelo qual a arma não disparou, apesar de o gatilho ter sido accionado duas vezes.
Segundo a Polícia Federal, a arma estava apta para disparar e os projécteis eram reais.
A pistola teria sido roubada de um amigo do atacante, já que o suspeito não aparece nos registos da Agência Nacional de Materiais Controlados.
A pistola tinha cinco projécteis no carregador, mas nenhum na câmara antes do disparo.
Esse movimento manual de engatilhar é crucial para o tiro depois de municiar a arma. É um passo básico que qualquer atirador conhece.
A Polícia está a monitorizar as câmaras de segurança da área do ataque e o telemóvel do atacante para saber se agiu sozinho, se havia acompanhantes durante o atentado e se o acusado tem conexões dentro ou fora da Argentina.
No seu apartamento, foram encontradas duas caixas com 50 projécteis de nove milímetros cada, mas a compra das munições não está registada porque o usuário não tem permissão para o uso de armas.
A Justiça também investiga possíveis vínculos com organizações que promovem discursos de ódio e discriminação pelas redes sociais.
A perícia indicou que o acusado tem noção do tempo e do espaço, mas no seu apartamento foi encontrado um certificado de deficiência que, por enquanto, parece ser falso. Especialistas analisam as suas publicações nas redes sociais e a sua forma de se relacionar socialmente.
A arma usada no atentado é pequena e leve, com um calibre menos potente, requerendo um disparo à queima-roupa para ser letal.
Pelas imagens, é possível ver como o homem estica o braço esquerdo e deixa a pistola a poucos centímetros do rosto de Cristina Kirchner. São os militantes os que o cercam e imobilizam o atacante, conduzindo-o à força às forças de segurança.
Os seguranças, agentes da Política Federal, não retiraram Cristina Kirchner da cena do frustrado crime.
Pelo contrário, a vice-Presidente continua a dar autógrafos, a tirar ‘selfies’ e a saudar os apoiantes por mais cinco minutos e 45 segundos depois do ataque, como se nada tivesse acontecido.