O Tribunal Supremo concluiu ontem, em Luanda, o interrogatório ao ex-director do Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing da Administração do Estado (GRECIMA), Manuel Rabelais, que está a ser julgado pelos crimes de peculato, branqueamento de capitais e violação das normas de execução orçamental.
Segundo a Rádio Nacional de Angola (RNA), o período da manhã foi marcado por questões relacionadas, sobretudo, com o património de Manuel Rabelais, que foi entregue ao Serviço Nacional de Recuperação de Activos da Procuradoria-Geral da República (PGR), num total de trinta imóveis. O réu disse que, além dos trinta imóveis, fez, igualmente, a entrega do grupo de comunicação e outros empreendimentos, de dois milhões de dólares e três viaturas.
Dos bens entregues ao Serviço de Recuperação de Activos da PGR, Manuel Rabelais confirmou que todos foram adquiridos antes de ter sido nomeado para o GRECIMA, com excepção de um imóvel e escritório, na Maianga, cujo processo de compra ainda decorre. Ainda ontem, à tarde, o Tribunal Supremo interrogou Gaspar Santos, outro co-réu no processo, que era uma espécie de auxiliar administrativo e colaborador de Manuel Rebelais nos negócios do GRECIMA. Segundo a Angop, Gaspar Santos negou ter auferido salários no GRECIMA, durante os cinco anos que colaborou com a instituição.
Assumiu ter sido compensado com ajudas de custo por, na altura, viajar constantemente para o exterior do país, particularmente para Lisboa (Portugal). Explicou que essas viagens eram custeadas pelo GRECIMA e os pagamentos eram por si feitos, em divisas, na sua qualidade de assistente administrativo do GRECIMA. Segundo o arguido, esses pagamentos eram, também, feitos a individualidades que promoviam a imagem de Angola e do Executivo angolano no exterior do país.
Na audiência desta segunda-feira, o réu Gaspar Santos foi interrogado sobre a sua ligação ao GRECIMA, a relação de trabalho com Manuel Rabelais, bem como sobre o papel que desempenhou nas supostas transacções fraudulentas de que ambos são acusados.
Os réus do conhecido “Caso GRECIMA” são acusados dos crimes de peculato na forma continuada, violação das normas de execução orçamental e branqueamento de capitais, referentes aos anos de 2016 e 2017.
Nesse período, foram alocados ao GRECIMA 98 milhões, 141 mil e 672 euros, para a aquisição de contra valores em kwanzas. Rabelais é acusado de ter transformado o GRECIMA numa casa de câmbio, cujas divisas eram comercializadas a um preço superior ao valor oficial. No despacho de pronúncia, Manuel Rabelais é, igualmente, acusado de ter aberto uma série de contas bancárias em nome do GRECIMA, como único assinante. O julgamento, que decorre desde o dia 9 de Dezembro de 2020, no Tribunal Supremo, foi retomado ontem, depois de um interregno de mais de 30 dias, devido à aproximação ligadas à actividade interna do Tribunal.