Milhares protestaram nas ruas da capital Cartum e da cidade de Omdurman, no sábado, para exigir uma aceleração das reformas no país, dois anos após o início da revolta que depôs o então Presidente Omar al-Bashir.
Omar al-Bashir foi deposto pelos militares em abril de 2019, após meses de protestos em massa contra as más condições económicas e as suas três décadas no poder.
Muitos sudaneses continuam, entretanto, descontentes por considerarem lento ou mesmo insignificante o ritmo das mudanças sob o Governo de transição que enfrenta uma economia em crise.
O Governo foi formado ao abrigo de um acordo de três anos de partilha do poder entre os grupos militares e civis, que se destina a conduzir a eleições presidenciais e parlamentares justas.
No sábado (19.12), a televisão estatal do Sudão transmitiu imagens de milhares de manifestantes reunidos no exterior da residência presidencial em Cartum, que acolhe agora o Conselho Soberano, constituído por civis e militares.
O país tem também um gabinete civil liderado pelo primeiro-ministro Abdalla Hamdok.
“Saímos hoje, não para celebrar o aniversário ou para felicitar o Governo de transição. Este Governo, infelizmente, nos últimos dois anos não fez qualquer progresso”, disse o manifestante Waleed El Tom à TV estatal de Cartum.
Centenas de civis sudaneses foram mortos em protestos antes e depois da deposição do ex-Presidente.
Protestos pelo país
No sábado, milhares de outros manifestantes reuniram-se no exterior do edifício abandonado do parlamento em Omdurman. Pequenos protestos tiveram lugar noutras cidades de todo o país, disseram os meios de comunicação estatais.
No topo das exigências dos manifestantes está a formação de um parlamento de transição há muito esperado, para aprovar a legislação necessária à construção de um Estado democrático.
“O povo sudanês tinha esperanças que a sua revolução fosse grande, que conseguisse coisas, mas hoje o povo sudanês está em filas de espera”, disse um manifestante à TV estatal.
O primeiro-ministro Abdalla Hamdok prometeu responder às exigências dos manifestantes.
“Comprometemo-nos a estimular o ritmo para cumprir todas as exigências da revolução e melhorar as condições de vida e a economia estão entre as prioridades. Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para superar os desafios”, escreveu Hamdok no Twitter.
A segurança foi reforçada em Cartum e Omdurman, mas não foram relatados grandes incidentes de violência.