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    Steve Bannon diz que vai mobilizar ‘exército’ pró-Trump de dentro ou fora da prisão

    Um dos principais conselheiros de Donald Trump nas campanhas presidenciais, Steve Bannon, disse à BBC que não tem medo de ir para a prisão ou assistir à campanha de 2024 do ex-presidente atrás das grades.

    Depois de ser condenado por desacato ao Congresso, o homem que era visto como um dos mais poderosos nos bastidores da Casa Branca no início do mandato presidencial de Trump em 2017 se apresentará a uma prisão federal em Connecticut nesta segunda-feira (01/07).

    Ele ainda está recorrendo contra sua condenação por se recusar a comparecer à comissão da Câmara que investiga o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio, em Washington por apoiadores de Trump.

    Bannon afirmou que as conversas que teve com o presidente naquele dia deveriam ser protegidas sob privilégios do Executivo.

    Mas na semana passada, a Suprema Corte decidiu que ele não poderia adiar sua sentença até que o recurso fosse ouvido, e agora Bannon terá que cumprir a sentença de quatro meses na prisão.

    “Eu sirvo meu país há cerca de 10 anos focando nisso”, disse ele em uma entrevista, referindo-se à política e ao movimento Make America Great Again (Maga).

    “Se eu tiver que fazer isso em uma prisão, eu faço em uma prisão – não faz nenhuma diferença”, acrescentou Bannon.

    Ele disse que não estava preocupado em perder uma parte crucial da campanha de Trump, pois há um “exército Maga” pronto para garantir que o ex-presidente derrote Joe Biden e retorne à Casa Branca.

    “Estou pronto para ir (para a prisão)”, disse ele. “Estou inteiramente pronto.”

    Embora seu esforço para adiar sua sentença tenha falhado, Bannon disse à BBC que pretendia transmitir uma última edição de seu programa de TV e podcast de direita do lado de fora dos portões da prisão antes de se entregar às autoridades.

    Depois disso, seu programa — descrito como um “centro de comando militar para o Maga” — permanecerá no ar em sua ausência.

    Ele providenciou para que outros apresentadores assumam o programa War Room (sala de guerra, em português) junto com todos os seus colaboradores regulares.

    Ex-operador financeiro do banco de investimentos Goldman Sachs que se tornou figura da mídia de direita alternativa, Bannon era visto pelos democratas como o cérebro por trás não apenas da extraordinária ascensão política de Trump, mas também de algumas de suas políticas mais polêmicas.

    Ele ganhou destaque nacional como chefe executivo da bem-sucedida campanha presidencial de Donald Trump em 2016 e depois se tornou uma das figuras mais poderosas de Washington como estrategista-chefe da Casa Branca no início do governo Trump.

    No entanto, sete meses depois, ele foi demitido, deixando de frequentar a Casa Branca, de onde comandava as postagens e iniciativas nas redes sociais, e passou algum tempo à deriva do círculo íntimo de Trump.

    O aspecto desafiador da personalidade de Bannon advém de que “a maioria dos comentaristas se divide entre chamá-lo de mentor e dizer que ele é irrelevante”, disse Benjamin Teitelbaum, autor de War for Eternity: Inside Bannon’s Far-Right Circle of Global Power Brokers (Guerra para a Eternidade: Por Dentro do Cícrulo da Direita Radical de Bannon para os Figurões do Poder Global, em tradução livre).

    “Ele é os dois extremos ao mesmo tempo.”

    Nesse ínterim, Bannon parece ter voltado ao grupo de Trump e, nos últimos cinco anos, comandou o War Room — de onde continuou apoiando o ex-presidente e seu movimento.

    Dentro da ‘sala de guerra’

    A verdadeira “sala de guerra” de Bannon fica no porão de uma elegante casa no Capitólio, a poucos passos da Suprema Corte dos EUA.

    Cada canto está repleto de livros de capa dura sobre política, finanças e teorias da conspiração.

    Sobre a lareira, entre diversas iconografias religiosas, está uma citação impressa que Bannon – que se vê como um pastor da agenda populista Maga – cunhou: “NÃO há conspirações, mas NÃO há coincidências”.

    O volumoso manual do “Projeto 2025″ está posicionado em um lugar de orgulho na sala.

    O livro de 900 páginas elaborado pela Heritage Foundation — um think tank conservador — contém planos detalhados de como um segundo mandato de Trump transformará o governo americano e o poder do Executivo.

    Estávamos cercados pelas luzes, câmeras e microfones que Bannon usa para transmitir sua mensagem, por quatro horas, todos os dias da semana, quando me disse que ele e seu programa tiveram um papel importante na capacitação e mobilização de milhares de ativistas apoiadores de Trump, a quem chamou de “combatentes de rua”.

    Embora não seja capaz de liderá-los a partir da prisão, ele disse que esse “exército Maga” que “não pode e não vai parar até a vitória final” seguirá normalmente em sua missão.

    Afinal, disse ele, o movimento populista Maga é maior do que ele — e até mesmo do que Donald Trump. De acordo com Bannon, não importa quem transmita sua mensagem.

    Bannon continua fazendo a falsa alegação de que a eleição de 2020 foi roubada de Trump — na realidade, os tribunais rejeitaram dezenas de ações judiciais contestando os resultados e nenhuma evidência de fraude generalizada surgiu.

    Bannon disse que no dia da eleição, 5 de novembro, o “exército Maga” estará pronto para se deslocar por todo o país, presente nas seções eleitorais e nas contagens de votos para garantir a vitória do ex-presidente.

    Esses apoiadores – incluindo observadores de pesquisas e advogados – contestariam cédulas que não acreditam que deveriam ser concedidas a Joe Biden, disse ele.

    Teitelbaum, no entanto, duvida que o próprio público de Bannon esteja “organizado o suficiente para ser conduzido da maneira que ele descreve”.

    O que acontece depois da prisão?

    Confiante de que Trump vencerá em novembro, Bannon estava ansioso para discutir qual seria a agenda do ex-presidente quando ele retornar ao governo — e o apresentador do War Room sair da prisão.

    Ele acredita que a próxima Casa Branca de Trump será influenciada pelas ideias que ele promoveu em seu programa.

    A imigração continua sendo prioridade máxima, disse Bannon. Ele disse ter certeza de que no “primeiro dia” Trump fechará a fronteira para “impedir a invasão” e, em seguida, iniciaria a “deportação em massa de 10 a 15 milhões de invasores estrangeiros ilegais”.

    O ex-presidente voltaria para a economia depois disso, disse ele, e manteria os cortes de impostos de seu primeiro mandato, que beneficiaram amplamente indivíduos e corporações ricas. Ele afirmou que o republicano acabaria com as “guerras eternas” na Ucrânia e em Gaza, embora não estivesse claro como Trump faria isso.

    Bannon não hesitou em discutir como um segundo governo Trump atacaria seus inimigos políticos.

    O próprio Trump disse que, se reeleito, poderá imputar responsabilidade a indivíduos que ele acha que o investigaram erroneamente — especialmente aqueles que estiveram envolvidos nos vários processos criminais contra ele.

    As agências policiais e os militares seriam “responsabilizados” e teriam que prestar contas sob uma futura administração Trump, disse Bannon, e o presidente Joe Biden também seria processado.

    Embora tenha acusado o presidente de ter “vendido o país”, a comissão de supervisão que é controlada pelos republicanos na Câmara dos Deputados, e que investiga tais alegações, não apresentou nenhuma evidência de irregularidade criminal cometida pelo presidente, nem agiu para pedir seu impeachment.

    E, a partir de agora, é Bannon quem está prestes a ir para a prisão. E pouco antes de sua partida, ele deixou um aviso sinistro sobre qualquer resultado eleitoral que não considerasse Trump o vencedor.

    É “impossível”, ele me disse, que Joe Biden ganhe a eleição em novembro. E, portanto, não há como ele, Bannon, e seu “exército Maga” aceitarem o resultado se o presidente for reeleito.

    Como ele disse em um discurso recente em uma conferência política conservadora, ele vê a eleição como um jogo de soma zero — e, disse à multidão de apoiadores de Trump, ela resultará em “vitória ou morte”.

    Por Sarah Smith

    Com reportagem adicional de Rebecca Hartmann e Ana Faguy.

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    FonteBBC

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