José Armando Gonçalves, membro co-fundador do partido político Movimento de União Nacional (MUN), desde 1997, na altura designado por Partido Independente Deusista de Angola (PIDA), que chegou a ser chumbado pelo Tribunal Constitucional em função da palavra Deusista
Por: Domingos Miguel
Como e quando surgiu o MUN?
Este movimento é consequência do PIDA, projecto político criado em 1997 por Karl Mponda. No mesmo ano entregamos a documentação para a devida legalização ao Tribunal Constitucional (TC), mas, infelizmente, fomos “barrados” – inviabilizados – devido a denominação “Deusista”, que no entender do tribunal confundia-se com uma igreja.
Em 2002, com a viajem do promotor e orientador Karl Sarney Manuel Mponda para os Estados Unidos, oito anos depois, reativamos as actividades outrora abortadas por conta do “chumbo” do TC e, desta vez, com uma nova denominação, “Movimento de União Nacional”.
Tivemos um período difícil por conta das interferências dos Serviços de Segurança do Estado, que resultara, inclusive, em perseguição, destituição de cargos (para os que trabalhavam) e detenções arbitrarias.
Assim, começamos a trabalhar e rapidamente sentimos o feedback positivo e vimos o projecto a atravessar fronteiras, tendo em conta o quadro real do país. Começamos a trabalhar no reforço de estratégias meramente administrativas, onde assenta o maior fracasso do partido que desgoverna há mais de 45 anos sobre o olhar pávido da oposição.
“Nós somos parte da solução dos problemas criados pelos nossos mais velhos pertencentes ao MPLA, a UNITA e a FNLA”.
Qual é a visão e missão do partido MUN?
Nossa visão e missão são claros e expressos e assentam-se nas seguintes premissas:
a) Repensar Angola e devolver a pátria na sua grandeza;
b) Tudo pela pátria, nada contra pátria.
Precisamos repensar Angola, criar novas estratégias e envolver cada vez mais o angolano na construção desta pátria, extirpar o regionalismo e tribalismo motivado pelos três partidos históricos, nomeadamente, a região Sul e Norte do país.
Para quando está marcado a realização do primeiro congresso?
Dentre os órgãos existente na agremiação, o congresso é o órgão decisório para a definição da liderança do movimento, e sobre essa matéria tem competência de convocar o Presidente do Partido ou a Assembleia Constituinte. No entanto, é prematuro avançar datas, sendo que, neste momento, estamos a aguardar o pronunciamento oficial do Tribunal Constitucional sobre o Processo da Comissão Instaladora que recentemente fez entrega das assinaturas recolhidas. Entretanto, sobre essa matéria não há motivos de queixas porque fomos bem recebidos e fazemos fé que tudo irá correr da melhor forma possível.
Como está a relação com os demais partidos políticos?
Desde a sua criação, escopo do MUN circunscreve-se na união pela diferença de opiniões. Em 2017, tivemos a iniciativa de apresentar a todos os partidos políticos na oposição com assento parlamentar uma proposta que se configurava na união dos partidos na oposição, mas, infelizmente, tivemos como resposta o silêncio dessas forças políticas.
Três anos depois ouvimos e vimos movimentação dos que ontem nos responderam com o silêncio, a pretensão de se formar a Frente Patriótica Unida. No dossier enviado aos partidos, descrevemos a importância da criação da Frente Unida. O que quer dizer que estamos de mãos abertas para todos, em nome da causa comum, vale dizer que não nos identificamos como oposição e nem regime, apenas como solução dos problemas nacional oriundo do mau proceder dos três partidos históricos.
Qual é o programa de governação e propaganda para as eleições de Agosto próximo de 2022
Defendemos o federalismo para o surgimento da “Nova Angola”. Nós pensamos que todo território nacional deve entrar em concorrência económica diversificada e harmónica para que enfrentemos o mercado Global de “tu para tu” e discutirmos de forma equilibrada os assuntos geopolíticos do universo. Estamos preparados para o pleito eleitoral, pelo que esperamos um posicionamento favorável do Tribunal Constitucional e nós, enquanto MUN, temos uma mensagem clara que consiste no “repensar Angola e devolver a pátria na sua grandeza”.
Que conselho deixa à população angolana sobre as eleições que se avizinham?
É tempo do povo acordar, levantar e andar, rumo a mudança de comportamento e de atitude. Precisamos de forma una e indivisível, mudar o rumo da situação. O País está adoentado e só o povo pode apresentar a cura.
Hoje se escolhermos a UNITA, será que não vai fazer revanche ao MPLA? É importante nos interrogarmos. Se depois de 40 anos não mudou, será que em cinco anos vai mudar? Logo precisamos de uma nova força política e essa é o Movimento de União Nacional.
O líder vem à Angola, sua terra natal. Qual será a jornada inicial?
Karl Sarney Manuel Mponda, enquanto Presidente do Movimento de União Nacional, vem à Angola que, por sinal, é o seu país de origem para cumprir a sua agenda de serviço.
Relativamente ao escopo da sua agremiação política, no entanto, consta da sua agenda como prioridade, a visita aos sobas na província do Zaire, saudar e pedir perdão aos mais velhos pelos erros cometidos pelos três partidos históricos do país e louvar também a elevação da cidade de Mbanza Congo como património da humanidade pela UNESCO. De seguida vai à província do Huambo com o mesmo objectivo, manter encontros com os reis no intuito de pedir perdão pelos erros cometidos no passado, que até aos dias de hoje o angolano paga.