Milhares de civis ainda estariam a vagar pelas matas do distrito de Palma, fugindo dos terroristas que anunciaram controlar a vila sede do distrito. Sobreviventes chegam a Mueda, Pemba e fronteira com a Tanzânia.
Milhares de residentes de Palma ainda permanecem encurralados na terça-feira (30.03), escondidos à volta da cidade sitiada do norte de Moçambique, a lutar para escapar à área invadida por terroristas na semana passada, segundo fontes ouvidas pela agência de notícias AFP.
O grupo armado, alegadamente integrante do “Estatal Islâmico” (ISIS, na sigla em inglês), divulgou que controla a cidade costeira. Os terroristas iniciaram a investida contra a cidade na quarta-feira (24.03), saqueando edifícios e assassinando civis a tiros e decapitações. Dezenas de pessoas foram mortas no que testemunhas descrevem como um ataque coordenado a apenas 10 quilómetros do projeto da petrolífera francesa Total.
Para alguns analistas, a instabilidade na região é preocupante. A consultora NKC African Economics, divulgou esta terça-feira (30.03) que uma intervenção internacional é inevitável para recuperar o controlo de Cabo Delgado.
População abalada
Sobreviventes abalados deslocaram-se desde então à cidade vizinha de Mueda e a Pemba – onde chegaram de barco, a pé e de avião. Fontes disseram à AFP que milhares de pessoas ainda vagueavam na terça-feira pelo distrito de Palma, desesperadas por um refúgio.
Muitos vagavam há alguns dias pelas matas do distrito na direção oeste e norte para chegar à fronteira com a Tanzânia.
Segundo disseram trabalhadores da ONU à AFP, centenas de pessoas fugiram para Afungi, local do projeto de exploração de gás da Total, onde se reuniram fora do complexo fortificado da empresa.
A Total transportou cerca de 1.400 pessoas, incluindo trabalhadores do gás e do Governo, para Pemba no domingo, mas desde então tem sido acusada de virar as costas aos residentes desesperados.