O número de mortes numa operação policial efectuada, na quinta-feira, na zona norte do Rio de Janeiro, aumentou para 28, anunciou esta sexta-feira a polícia, acusada de supostas execuções durante a acção.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro actualizou o balanço de vítimas, anteriormente fixado em 25, e somou três novos óbitos, sem dar mais detalhes, indicaram fontes da corporação citadas pela RTP Notícias.
Um agente da polícia e 27 suspeitos morreram na operação, realizada para combater o recrutamento de menores por um grupo e narcotraficantes na favela do Jacarezinho, de acordo com as autoridades. Cerca de 200 agentes participaram na acção que durou cerca de nove horas.
Num discurso, durante o enterro do inspector André Frias, morto durante a operação, o secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, elogiou a acção policial no Jacarezinho, e disse que informações da corporação identificaram todos os suspeitos mortos como traficantes.
Na sexta-feira, em ofício enviado ao Ministério Público, o juiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, considerou que as denúncias de abusos alegadamente ocorridos na operação “parecem graves” e “há indícios de actos que, em tese, poderiam constituir execução arbitrária”, nos vídeos que analisou.
A Polícia Civil negou todas as acusações de abusos e afirmou ter agido de forma planeada e sob supervisão do Ministério Público.
A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil indicou que dez vítimas mortais tinham entre 18 e 30 anos.
Organizações não-governamentais internacionais, como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, afirmaram que esta foi a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro.
De acordo com relatos de moradores e vídeos publicados nas redes sociais, os agentes terão invadido casas sem autorização judicial, alvejaram pessoas que se tinham rendido e confiscaram telemóveis de testemunhas.