A escassos meses do fim do mandato do Presidente João Lourenço, os partidos na oposição parlamentar descrevem a situação social e económica dos cidadãos de catastrófica, afirmando nunca terem visto tanta miséria junta como a que se vive actualmente no país.
O MPLA justifica a situação com a crise imposta pela pandemia da Covid-19 que trouxe uma realidade nova aos angolanos.
O partido que governa tem certeza que a situação é circunstancial, mas o maior partido na oposição, a UNITA, diz que a tendência é para o agravamento da situação social.
Adalberto Costa Júnior líder do grupo parlamentar e candidato à presidência do partido diz que “não há nenhum sinal de recuperação económica no país, antes pelo contrário a degradação social é visível uma situação das demais províncias que começa a refletir-se também na capital do país”.
“Repare que temos mortes de fome em localidades produtoras”, acrescentou.
Makuta Nkondo parlamentar independente inscrito pela CASA-CE considera ter havido um aumento da situação de miséria durante os últimos quatro anos.
“O povo praticamente não tem o que comer, não tem emprego, está sem rendimento, isto é o povo das grandes cidades, porque na periferia, na Angola profunda já não se fala, estão abandonadas à sua sorte”.
Nkondo rejeitou o argumento que o agravamento da situação económica se deve à COVID-19 afirmando que “isto não tem nada a ver com com pandemia, resulta dos roubos, do saque das riquezas do país por um grupinho, a corrupção, todos os males que enfermam a governação deste país, a classe dirigente é insensível, fechou os olhos, uma classe egoísta”.
O secretário geral do PRS, Rui Malopa, diz que o país já viveu inúmeras crises económicas mas nada comparado ao momento actual.
“Era difícil encontrarmos na rua pessoas a procura de comida no lixo, nós estivemos recentemente na região leste do país e é uma situação triste que encontramos” disse.
“Sua excelência presidente da República disse recentemente que não há fome em Angola, isto significa que o presidente de todos nós não está preocupado com isso, a atenção dele está virada para outras coisas”, acrescentou
O deputado pelo grupo parlamentar do MPLA João Pinto entende que a situação decorre de crise externa.
“A situação económica do país já não é novidade para ninguém, por força da crise o estado deixou de poder saldar suas dívidas à algumas empresas que por força disso entraram em insolvência ou seja estamos a viver uma nova conjuntura”, disse.
João Pinto realçou contudo “uma nova cultura administrativa de transparência de maior exigência com impostos”.