O escritor angolano Pepetela considera que o sistema judicial em Angola tem de ser mudado e aperfeiçoado para que o combate à corrupção seja mais eficaz, afirmando que “há pessoas mal escolhidas” para cargos nessa área.
Admitindo que a corrupção é mais uma praga difícil de combater, Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, conhecido como Pepetela, disse à Lusa que “há certos procedimentos, certas estruturas que foram criadas, muito depressa, que têm de ser mudadas e aperfeiçoadas”.
Por outro lado, o escritor considerou também que “há pessoas que foram mal escolhidas para certos cargos” na justiça angolana, embora sem indicar o nome de ninguém.
Por isso, “a luta começou, vai havendo qualquer coisa, vai acontecendo, tem-se notícias de abertura de uma acção contra uma determinada pessoa”, mas “talvez não nos moldes em que poderíamos pensar”, referiu.
Para Pepetela, o problema, no combate à corrupção, é “esta ser uma experiência nova” em Angola. Por isso, “não há quadros, investigadores, procuradores” preparados para o tipo de processos em questão, porque “as questões financeiras são extremamente complexas”. Ou seja, “o próprio Estado não estava preparado para encetar uma luta de tão grande dimensão”, concluiu.
O autor de obras como “Utopia” “O desejo de Kianda”, “Jaime Bunda”, entre outros numerosos livros que escreveu, recebeu esta semana o prémio literário de Angola/Camões das mãos do primeiro-ministro português, António Costa, numa cerimónia no Centro Cultural de Belém em Lisboa que assinalou o Dia Mundial da Língua Portuguesa, 5 de Maio, onde deu uma entrevista conjunta à Lusa e à Deutsche Welle. O prémio foi-lhe atribuído pelo seu mais recente livro “Sua Excelência, de Corpo Presente”.