Esta tem sido uma semana tensa na Guiné-Bissau. Após ter dissolvido o Parlamento e demitido o Governo, o Presidente Umaro Sissoco Embaló reconduziu, na terça-feira (12.12), Geraldo Martins no cargo de primeiro-ministro, esclarecendo que este iria liderar um novo Executivo de iniciativa presidencial. No dia seguinte, a polícia impediu o acesso ao Parlamento de alguns deputados, ao que se seguiu mais uma viagem para o estrangeiro do Presidente Sissoco Embaló.
Esta sexta-feira, o presidente da Assembleia Nacional Popular, Domingos Simões Pereira, chamou os jornalistas para alertar sobre um “atentado à sua segurança”.
“Na sequência dos acontecimentos que já são conhecidos, dos dias 30 de novembro e 1 de dezembro, assim que regressou ao país, o Presidente da República ordenou a retirada dos elementos da ECOMIB [constituída por militares da Comunidade Económica de África Ocidental] que reforçavam a minha segurança pessoal aqui na residência”.
Domingos Simões Pereira disse ainda que os “elementos da segurança nacional também estão a ser pressionados para abandonar a sua residência”, pelo que frisa, “está à mercê do Presidente da República”.
“Eu identifico isso como uma clara e deliberada ordem do Presidente da República de atentar contra a minha segurança e integridade física, pelo que é o único e exclusivo responsável por tudo o que eventualmente me acontecer a mim e à minha família”, declarou.
Governo é “de quem ganhou”
Em conferência de imprensa realizada na sua residência, o líder do PAI-Terra Ranka disse também que a recondução de Geraldo Martins como primeiro-ministro visa essencialmente manter no poder o Governo “de quem ganhou as eleições”, em junho passado.
“A plataforma entendeu a indigitação do Geraldo Martins como um sinal de abertura, para manter essa ponte de contacto com o Presidente da República e efetivar um diálogo que permitisse encontrar uma solução negociada para a situação criada”, explicou Simões Pereira.
O primeiro-ministro Geraldo Martins “é membro do PAIGC e tem mantido a coligação informada de todos os passos”, acrescentou.
Na mesma ocasião, Domingos Simões Pereira criticou a deslocação de Sissoco Embaló a Madagáscar, numa altura em que, na Guiné-Bissau, se aguarda o anúncio da composição do novo Governo. E lamentou o silêncio da comunidade internacional sobre a crise instalada no país.
Por Raquel Loureiro