Bassirou Diomaye Faye, um pan-africanista de esquerda, foi empossado esta terça-feira como presidente do Senegal depois de obter uma vitória na primeira volta com a promessa de reformas radicais. O mais jovem presidente senegalês ganhou 10 dias depois de ter sido libertado da prisão.
Faye, de 44 anos, nunca ocupou um cargo eletivo, mas vários líderes africanos participaram na cerimónia na nova cidade de Diamniadio, perto da capital, Dacar.
Faye prometeu “observar escrupulosamente as disposições da Constituição e das leis” e defender “a integridade do território e a independência nacional, e não poupar esforços para alcançar a unidade africana”.
Apelou a “mais solidariedade” entre os países africanos “face aos desafios de segurança”…“Reafirmo o compromisso do Senegal em reforçar os esforços para promover a paz, a segurança, a estabilidade e a integração africana”, acrescentou.
Prometeu também “mudança sistêmica” e “maior soberania” e disse que a sua vitória nas eleições presidenciais de 24 de Março expressou “um profundo desejo de mudança sistémica”, acrescentando que ouviu claramente a “aspiração por maior soberania, desenvolvimento e bem-estar”.
A transferência formal do poder com o Presidente cessante, Macky Sall, terá lugar no palácio presidencial em Dakar. Faye fazia parte de um grupo de opositores políticos libertados da prisão 10 dias antes da votação presidencial de 24 de Março, ao abrigo de uma amnistia anunciada por Sall, que tentou adiar a votação.
A campanha de Faye foi lançada enquanto ele ainda estava detido.
No seu discurso de vitoria Faye declarou as suas prioridades: reconciliação nacional, atenuação da crise do custo de vida e combate à corrupção.
O antigo inspector fiscal torna-se o quinto presidente do Estado da África Ocidental desde a independência da França em 1960 e o primeiro a admitir abertamente um casamento polígamo.
O líder anti-establishment prometeu restaurar a soberania nacional sobre ativos essenciais, como os sectores do petróleo, do gás e das pescas. Faye quer abandonar o franco CFA regional, que considera um legado colonial francês, e investir mais na agricultura com o objetivo de alcançar a autossuficiência alimentar. Mas também procurou tranquilizar os investidores de que o Senegal “continuará a ser um país amigo e um aliado seguro e confiável para qualquer parceiro que se envolva connosco numa cooperação virtuosa, respeitosa e mutuamente produtiva”.
Depois de três anos tensos e de agitação mortal na nação tradicionalmente estável, a sua vitória democrática foi saudada de Washington a Paris, através da União Africana e da União Europeia. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou na segunda-feira com o presidente eleito por telefone e “ressaltou o forte interesse dos Estados Unidos em aprofundar a parceria” entre os seus dois países, disse o Departamento de Estado. No cenário internacional, Faye procura trazer o Burkina Faso, o Mali e o Níger, controlados por militares, de volta ao bloco regional da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).