Na SIC Notícias, Bagão Félix, Francisco Louçã, Ângelo Correia e Pedro Silva Pereira comentaram o percurso eleitoral da coligação Portugal à Frente (PàF) e do Partido Socialista.
O ex-ministro, Bagão Félix, disse ter faltado no discurso da campanha eleitoral várias questões como o desemprego e a Segurança Social, aludindo ainda para ‘omissões’ por parte do Governo.
“Quando se é Governo pensa-se sempre em Bruxelas. Em campanha eleitoral fica completamente de lado. É como se não existisse dívida. A questão da Segurança Social acabou também por se enquistar”, adianta.
Já o ex-coordenador bloquista, Francisco Louçã, considerou que a Europa faltou no debate. “A Europa é vista como um constrangimento. Só foi evocado o exemplo grego mas para sublinhar a subordinação e não tanto a liberdade de escolha. Faltou também um debate sobre a justiça”, assume.
Ângelo Correia que era visto como mentor de Passos Coelho mas atualmente revela não saber em quem votar nas eleições a 4 de outubro admitiu que há muitos indecisos e assim será até ao próximo domingo.
“Há muitas pessoas que votaram na coligação há quatro anos mas que a partir de 2012 ficaram magoadas. Esse magoar das pessoas reflete-se politicamente. O PS não soube mobilizar as pessoas magoadas. Fez uma campanha de surf, flutuante”, revela.
Para Ângelo Correia, o primeiro-ministro mudou de atitude. “Assiste-se a uma reconversão de Passos Coelho, está a demonstrar afeto e a pedir desculpa. No entanto, a abstenção vai ser elevada e vai traduzir a perca de fé”, frisa.
Na discussão esteve também o antigo braço direito de José Sócrates, Pedro Silva Pereira, que ao analisar as sondagens garante que há uma “tendência de bipolarização entre a coligação e o PS”.
No entanto, os quatro comentadores foram perentórios ao analisar os erros cometidos tanto pela coligação como pelo PS. Bagão Félix chega mesmo a considerar que se “nestas eleições a coligação vencer é um verdadeiro ‘case studying’”.
“Tivemos um Governo de quatro anos num ambiente de austeridade acrescida. Nos últimos tempos há a sensação de algum alívio. E, pelos vistos, a coligação pode vir a vencer. O PS perdeu-se na tentativa de captar votos ou ao centro ou à esquerda”, admite.
Mas Louçã acredita que a grande vulnerabilidade do PS foi “retomar a questão da TSU e insistir no congelamento das pensões”. “Portugal foi envolvido num turbilhão de crises financeiras, teve gravíssimas consequências mas sobretudo teve um efeito direto na vida das pessoas”, acrescenta.
“Percebo que na argumentação política se procure resumir as alternativas a um jogo fácil. Mas creio que há uma parte importante do eleitorado que está preocupado com as escolhas difíceis. O eleitorado não está disponível para ouvir dizer que o sol brilhará a partir de segunda-feira”, frisa. (noticiasaominuto.com)