Sargento que matou vizinho respondia por homicídio culposo, sem intenção
Ele passou por audiência de custódia nesta sexta e teve prisão mantida
Em depoimento, criminoso disse que agiu em legítima defesa
Nesta sexta-feira (4) a Justiça realizou a audiência de custódia do sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra, que assassinou o vizinho Durval Teófilo Filho com três tiros na porta do condomínio onde ambos moravam, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
A prisão do sargento foi mantida e ele teve a tipificação do crime alterada pelo Ministério Público de homicídio culposo para doloso – ou seja, passa a ser considerado que o militar tinha intenção de matar a vítima.
Em seu depoimento à polícia na quinta-feira (3), Aurélio disse que disparou “para reprimir a injusta agressão iminente que acreditava que iria acontecer”. O crime ocorreu na noite da quarta-feira (2).
O sargento disse também que “teve sua atenção voltada para um homem que vinha por de trás do carro” e que “se virou para trás e sacou sua pistola”.
“O declarante [Aurélio] acreditava que seria assaltado, pois Durval estava mexendo em algo na região da cintura, o que acreditava ser uma arma de fogo”, afirma o termo. “Pelo fato de estar armado, tornou-se imperioso antecipar-se, caso contrário o declarante poderia ser vitimado”, conclui o documento.
O militar ainda tentou justificar o crime dizendo que seu carro tem película escura nas janelas. “Por estar chovendo, não conseguiu ver com precisão o que Durval estava segurando”, disse.
Em um primeiro registro do caso na Polícia Civil, Aurélio aparecia descrito como “vítima”. Segundo a corporação, isso ocorreu pois no primeiro registro o criminoso alegou se tratar de legítima defesa. “Isso já foi alterado e ele consta agora como autor”, confirmou a polícia.
Viúva acusa sargento de racismo
Ao G1, Luziane Teófilo afirmou que Durval foi morto por ser negro. Ela contou que foi a filha do casal, de 6 anos, quem primeiro percebeu que o pai havia sido baleado.
“Vendo as câmeras, ouvindo a fala do delegado e pelo que os vizinhos estão falando, tenho certeza de que isso aconteceu porque ele é preto. Mesmo eles falando que ele era morador do condomínio, o vizinho não quis saber. Para mim, foi racismo sim”, declarou.
Entenda como ocorreu o crime
Um sargento da Marinha assassinou a tiros o próprio vizinho na noite da última quarta-feira (2) em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Aurélio Alves Bezerra alegou que confundiu Durval Teófilo Filho com um bandido e, por isso, atirou.
De acordo com informações do G1, o crime aconteceu no condomínio onde ambos viviam, em Colubandê, por volta das 23 horas. Aurélio foi preso em flagrante.
Em depoimento à Polícia Militar, o sargento afirmou que chegava em casa quando avistou alguém se aproximando “muito rápido” de seu veículo. Por isso, decidiu atirar três vezes. Os disparos atingiram a região da barriga de Durval.
Somente após os tiros, Aurélio se aproximou da vítima e percebeu que ela não estava armada. Durval teria dito que também era morador do condomínio e foi levado ao hospital pelo sargento, mas não resistiu.
Aos policiais, Aurélio tentou justificar-se e afirmou que “a localidade é perigosa, costuma ter muitos assaltos”.