Moscovo acolheu as primeiras negociações internacionais com os novos líderes talibã do Afeganistão e pediu o apoio da comunidade internacional para ajudar os afegãos. A Rússia reconheceu “os esforços dos talibã para estabilizar” o país, mas sublinhou que toda a região, com uma forte influência russa, está ameaçada pela presença de grupos como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda.
Na conferência, em Moscovo, participaram uma dezena de países, nomeadamente a China, o Paquistão e o Irão. O grande ausente são os Estados Unidos, algo que o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, lamentou.
O encontro mostrou a integração crescente dos talibã no tabuleiro diplomático, ainda que Moscovo não os tenha reconhecido como governo legítimo, mas o ministro russo dos Negócios Estrangeiros louvou “os esforços dos talibã para estabilizar o Afeganistão” e alertou que toda a região está ameaçada pela presença de grupos como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda que tentam “tirar proveito” da instabilidade do Afeganistão.
Depois de décadas de guerras no Afeganistão após a invasão soviética de 1979-1989, Moscovo pretende reforçar a sua posição de potência regional na Ásia Central e pede aos talibã um “governo inclusivo” que permita controlar a situação político-militar e limitar a acção dos outros grupos jihadistas.
Face à incapacidade financeira dos talibã para gerir o país, visto que estão sob sanções internacionais, Sergei Lavrov disse que “está na altura de a comunidade internacional se mobilizar para dar ajuda humanitária, financeira e económica” ao Afeganistão e para “impedir uma crise humanitária e uma crise de refugiados”. O chefe da diplomacia russa alertou, mesmo, que os jihadistas se podem “infiltrar nos fluxos migratórios”.