O presidente do PSD revelou, esta sexta-feira, que o partido aceitará que o país entre num “confinamento mais apertado”, uma vez que a situação atual é “muito grave”. Rui Rio também demonstrou disponibilidade para aceitar um eventual adiamento das eleições presidenciais, caso os candidatos levantem essa questão.
À saída de uma audiência com o primeiro-ministro, em São Bento, Rio confirmou que o Governo se prepara para “agravar” as medidas, o mais tardar, no próximo dia 15, e que o PSD não se oporá.
O líder social-democrata afirmou que está em cima da mesa implementar “qualquer coisa à semelhança” do que ocorreu em março e abril, mas “tendo em conta o ‘know-how’ [conhecimento] entretanto adquirido para se fazer um pouco melhor do que se fez em abril”.
No entanto, Rio mostrou reticências quanto ao não encerramento das escolas: “custa-me ver como é que fechar grande parte do país e não as aulas” pode funcionar, referiu. No entanto, aguardará pelas explicações dos especialistas no Infarmed, no dia 12.
As eventuais discordâncias face a futuras decisões do Governo “dificilmente” irão, contudo, resultar num “aproveitamento” por parte do PSD, acrescentou o presidente social-democrata. “Não estamos em tempo disso”, assegurou.
Rio anunciou ainda que o Governo quis saber se o PSD criaria “obstáculos de natureza jurídica ou burocrática” caso houvesse necessidade de implementar novas medidas antes de dia 15. O líder laranja garantiu que não irá utilizar qualquer “pormenor jurídico” para dificultar a ação do Executivo, já que a sua prioridade é “ajudar o país”.
Rio argumentou, contudo, que os governantes têm de estar “conscientes” de que Portugal é um país economicamente “muito débil”, fragilidade que um novo confinamento irá acentuar.
Adiar eleições se candidatos “levantarem a questão”
O líder do PSD também admitiu que as eleições presidenciais, agendadas para dia 24, possam vir a ser adiadas. Se os candidatos se sentirem “confortáveis” com o não adiamento, o PSD não terá “nada a dizer”; no entanto, se as candidaturas “levantarem essa questão, o PSD está disponível para, em sede da Assembleia da República, procurar encontrar um consenso no sentido do adiamento”, revelou.
Rio garantiu estar consciente de que esse cenário é dificultado por “constrangimentos constitucionais pesados”. No entanto, “havendo consenso e bom senso” para adaptar a lei, “tudo se resolve”, considerou.
O também deputado recordou que o novo confinamento deverá limitar as ações presenciais das campanhas eleitorais. Confrontado com o facto de a lei do estado de emergência permitir a atividade política, disse não compreender que, face aos recentes dados da pandemia, as candidaturas andem na rua “aos magotes”.
Rio abordou ainda as palavras do primeiro-ministro, que ontem acusou três membros do PSD de liderarem uma “campanha internacional contra Portugal” no âmbito do caso da escolha do procurador europeu.
Para o líder laranja, “há matéria para queixa-crime” caso os visados – Paulo Rangel, Poiares Maduro e Baptista Leite – queiram agir nesse sentido. Os dois primeiros já disseram que não o farão.
O Governo começou, esta sexta-feira, a ouvir os partidos sobre a hipótese de um novo confinamento. Além do PSD, António Costa vai reunir com PCP, CDS e PS, por esta ordem. No fim-de-semana, receberá as restantes forças políticas.