Democratas falam em “vergonha” e “medo” de Trump e republicanos afirmam haver muitas investigações em curso
Senadores republicanos votaram nesta sexta-feira, 28, contra a criação de uma comissão do Congresso para investigar a invasão do Capitólio, a sede do poder legislativo dos Estados Unidos, a 6 de Janeiro, por apoiantes do então Presidente Donald Trump.
Como era esperado, eles recorreram a uma táctica processual conhecida como obstrução, evitando assim a criação de uma comissão bipartidária.
Com 50 senadores, os democratas conseguiram o apoio de quatro republicanos, mas ficaram aquém dos 60 votos necessários.
Antes da votação, o líder republicano no Senado Mitch McConnel, que chegou a responsabilizar Trump pela insurreição, pediu o voto contra por considerar não haver novos factos e que há outras investigações em curso por comités do próprio órgão legislativo.
O líder da maioria, o democrata Chuck Schumer classificou a posição dos republicanos de uma “vergonha” e que eles têm “medo de Trump”.
Após a votação, a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, disse em comunicado que “a recusa do líder McConnell e dos republicanos do Senado em saber a verdade sobre a insurreição de 6 de Janeiro envergonha o Senado”.
“A covardia dos republicanos em rejeitar a verdade daquele dia sombrio torna nosso Capitólio e país menos seguros”, completou.
Entretanto, o senador Ted Cruz, que defendeu sempre as posições de Trump, reconheceu numa declaração hoje que o “ataque terrorista de 6 de Janeiro ao Capitólio foi um momento sombrio na história da nossa nação”.
Ele, no entanto, disse apoiar “totalmente as investigações da polícia em andamento sobre todos os envolvidos, todos os que atacaram o Capitólio devem ser processados e levados à justiça”.
Ao justificar a posição do seu partido no Senado, ele afirmou que “com várias investigações já em andamento”, ele não apoia “a comissão politicamente motivada de 6 de Janeiro, liderada pelo senador Schumer e pela presidente Pelosi”.
A Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas, que tem 435 membros, já tinha feito passar uma legislação, com apoio de alguns republicanos, para criar a comissão.
A 6 de Janeiro, dia em que o Congresso devia certificar a vitória de Joe Biden na eleição de Novembro, o então Presidente Donald Trump, depois de convocar milhares dos seus apoiantes, pediu num comício que se dirigissem ao Congresso “para“ lutar como se fosse no inferno ”para reverter a sua derrota e que ele os encontraria lá, o que não aconteceu.
Na invasão morreram cinco pessoas, os parlamentares tiveram de se esconder, o vice-presidente Mike Pence foi levado para um lugar secreto e a sessão interrompida.
Mais tarde, o Congresso confirmou a vitória de Biden.