O rei de Espanha propôs esta terça-feira a investidura de Albert Núñez Feijóo, apontando o candidato do Partido Popular (PP) para primeiro-ministro.
A decisão de Felipe VI foi comunicada pela Casa Real à presidente do Congresso, Francina Armengol, depois de finalizadas todas as consultas com os partidos que conseguiram assento parlamentar na sequência das eleições ocorridas há exatamente um mês.
Albert Núñez Feijóo já aceitou o cargo, mas os meios de comunicação espanhóis escrevem que esta é uma investidura condenada ao fracasso, uma vez que o PP conta apenas com 172 votos a favor (Vox, UPN e Coligação Canária), enquanto 178 deputados devem ficar contra, juntando os eleitos do PSOE com todos os restantes (Sumar, Junts, ERC, EH Bildu, PNV e BNG).
A data da investidura deverá agora ser fixada por Francina Armengol, mas o líder do PP disse, à entrada para a audiência com o rei, que lhe parecia bem que esse momento ocorresse o mais depressa possível, até porque precisa de falar com os grupos parlamentares, que ainda nem foram constituídos.
Albert Núñez Feijóo deverá, assim, suceder a Pedro Sánchez como primeiro-ministro, fazendo regressar os populares ao palácio da Moncloa.
O PP foi o mais votado nas eleições e Albert Núñez Feijóo já tinha dito que, por causa disso, era candidato a primeiro-ministro, apesar de não ter os apoios parlamentares que lhe garantam a investidura. Uma visão semelhante à de Pedro Sánchez, que também disse ser candidato ao cargo.
Cabe agora à Mesa do Congresso dos Deputados agendar o debate e votação de investidura como primeiro-ministro.
Albert Núñez Feijóo disse, numa conferência de imprensa após o encontro com o rei, que precisará “de tempo” para negociar com outros partidos antes de se submeter à votação do parlamento, o que não poderá acontecer num prazo de “horas ou dias”.
Se a investidura falhar, o Rei deverá repetir a ronda de audiências com os partidos e indicar novo candidato a primeiro-ministro, como já aconteceu no passado.
O parlamento tem dois meses, a partir da primeira votação de investidura falhada, para eleger um primeiro-ministro.
Se esse prazo terminar sem uma investidura, o parlamento dissolve-se automaticamente e haverá novas eleições 47 dias depois.
Albert Núñez Feijóo afirmou que conta com o apoio de 172 deputados, “a apenas quatro da maioria absoluta”. Já Pedro Sánchez defendeu que ficou provado que consegue reunir o apoio maioritário dos 350 deputados na semana passada, quando os socialistas ficaram com a presidência do parlamento, através dos 178 votos de uma ‘geringonça’ de partidos que inclui nacionalistas e independentistas bascos, catalães e galegos.
Como já aconteceu no passado, quatro partidos nacionalistas e separatistas recusaram reunir-se com o rei de Espanha, a quem não reconhecem legitimidade política.
Os quatro partidos que não transmitiram ao rei o seu sentido de voto no parlamento são potenciais aliados do PSOE e de Pedro Sánchez, que é também o atual primeiro-ministro em funções.
Esta foi a primeira vez na democracia espanhola que dois líderes de partidos disseram ao rei que estavam disponíveis para serem candidatos a primeiro-ministro.
Tanto Feijóo como Sánchez disseram hoje que respeitariam a decisão de Felipe VI e o líder dos socialistas colocou o ónus de uma investidura “falhada” no presidente do PP.
Sánchez disse que a tentativa de investidura de Feijóo falhará de certeza, mas afirmou que o líder do PP “tem o direito” de voltar a confrontar-se com uma “realidade emanada da vontade popular”, como já aconteceu na semana passada, com a eleição da presidência do parlamento.