Cerca de 48 milhões de eleitores foram hoje chamados às urnas aqui em França no âmbito das eleições regionais e distritais, um escrutínio que, tal como na primeira volta, foi marcado por uma forte abstenção, da ordem dos 66%.
Esta votação marcou igualmente a confirmação da esquerda (PS) e da direita (LR) tradicionais nas regiões onde lideravam as administrações cessantes, sendo que nem o partido da maioria presidencial LREM, nem o RN, partido de extrema-direita de Marine le Pen, conseguiram conquistar sequer uma região.
Apesar de sondagens de opinião antevendo resultados mais significativos para a antiga Frente Nacional, a líder desta formação que concorre para as presidenciais de 2022, alcançou apenas um mandato de conselheira distrital com quase 60% dos votos no seu feudo de Henin-Beaumont, no extremo norte do país.
Alias, de acordo com os primeiros dados desta eleição, em constante actualização, na região de Hauts-de-France (no extremo norte) onde o cabeça de lista RN para as regionais Sébastien Chenu enfrentava o presidente cessante, o ex-republicano Xavier Bertrand, quem venceu foi o segundo com cerca de 52% dos votos, contra 26% a favor da extrema-direita.
Na Île-de-France (onde se insere a capital), a lista liderada pela presidente cessante da região, a antiga republicana Valérie Pécresse, saiu vitoriosa da segunda volta, com mais de 47% dos votos, segundo dados do instituto de sondagens Ifop.
Noutras regiões-chave como a PACA, Provence-Alpes-Côte-d’Azur onde o presidente cessante, o republicano Renaud Muselier estava a ser colocado em dificuldade por um antigo membro do seu partido que entretanto se ligou à extrema-direita, Thierry Mariani, a administração cessante venceu com 56% dos votos contra 44% a favor da lista adversa.
Na Auvergne-Rhône-Alpes, no centro e sul do país, o presidente cessante republicano Laurent Wauquiez obteve uma vitória confortável, com cerca de 55% dos votos, de acordo com as pesquisas.
Entretanto, na região da Bourgogne-Franche-Comté, quem venceu foi a presidente cessante, a socialista Marie-Guite Dufay em coligação com os ambientalistas e os comunistas, com mais de 42% dos votos, muito à frente do candidato LR Gilles Platret com um pouco mais de 24,4%.
Já na Bretanha, no noroeste do país, o presidente cessante da região, o socialista Loïg Chesnais-Girard alcançou uma curta vitória, sem maioria absoluta, com cerca de 29 a 30% dos votos.
Entre os dados a reter desta eleição, destaca-se a taxa importante de abstenção de cerca de 66%, o partido do Presidente Macron criado apenas em 2016 na perspectiva da corrida às presidenciais de 2017, conseguiu implantar-se dificilmente a nivel local, com uma média de 10% dos votos neste escrutínio. Indicadores que podem ser interpretados como uma dupla derrota para o partido da maioria que considerava estas eleições como um teste, a menos de um ano das presidenciais de 2022.