A deliberação, esta semana, do Bureau Político do MPLA, em estabelecer, no 8º Congresso do próximo ano, a cifra de até 50 por cento do género feminino na composição dos órgãos colegiais e a atribuição de uma cifra de 35 por cento para a representação da juventude, poderá, segundo especialistas, ter reflexo na melhoria das políticas públicas do país, atendendo ao facto de o partido ser o principal concedente de figuras que ocupam funções de Estado.
Os resultados saídos da reunião do Bureau Político do MPLA, no início desta semana, está a ser entendido por muitos especialistas como a continuidade de um processo de reformas que João Lourenço, presidente do partido, vem efectuando desde que assumiu o comando da organização partidária, em 2018, na sequência do sexto congresso, cujos reflexos vão se reflectir na gestão das políticas públicas por se o partido governante.
No sexto congresso de 2018, depois de receber o testemunho de José Eduardo dos Santos, que despediu-se da vida política activa, assumindo que cometeu erros ao longo dos quase 40 anos no poder, mas garantindo que saía de “cabeça erguida”, João Lourenço, que foi eleito presidente do partido com uma votação de 98,58%, correspondente a 2.309 votos a favor e 27 contra, vem fazendo uma série de reformas internas no seio da organização fundada em 1956.
Do conjunto de reformas que o também Presidente da República vem efectuando, os de maior impacto tem sido a aposta na paridade do género e na juventude que vão, aos poucos, ocupando posições de destaque no partido.
De lá para cá, nas estruturas internas do partido, que, em tempos idos, segundo especialistas, eram reservadas a figuras de gerações mais antigas, assiste-se a ascensão de jovens e mulheres, o que, na opinião de muitos entendidos, representa uma esperança para jovens que queiram fazer carreira na politica e que, no entanto, eram “abafados” pelos mais velhos.
No âmbito destas reformas, o primeiro “pontapé de saída” dado por João Lourenço foi em Junho do ano passado, durante o sétimo Congresso, com a entrada em cena de novos membros para o Bureau Político do partido onde destacam-se jovens como Vera Daves, Yolanda Santos, Pereira Alfredo, Joana Tomás, Lopes Paulo, Emília Carlota Dias, Laurinda Prazeres e Ana Celeste Januário.
Na altura, durante o seu discurso de abertura, no sétimo Congresso, João Lourenço deixou claro que o objectivo principal da realização do conclave era, sobretudo, o de alargar a composição do Comité Central, de forma a torná-lo mais consentâneo com a actual conjuntura de moralização da sociedade, de combate à corrupção e à impunidade, de maior abertura democrática, com reais ganhos no que diz respeito à liberdade de imprensa, de pensamento, de expressão e de manifestação.