A refinaria de petróleo de Cabinda, em Angola, deve iniciar a produção em abril de 2025, concluindo a sua primeira fase um pouco antes do previsto, mas acima do orçamento, disse à Reuters na terça-feira o CEO da Gemcorp Holdings Limited, maior acionista do projeto.
Segundo a Reuters, a refinaria será comissionada em janeiro-fevereiro, com os seus primeiros fornecimentos de combustíveis chegando ao mercado local em março-abril, disse Atanas Bostandjiev, fundador e presidente-executivo da Gemcorp, à margem do Financial Times Africa Summit. A empresa possui 90% da refinaria.
O novo projeto, que será a segunda refinaria de petróleo de Angola, ajudará a tornar o segundo maior produtor de petróleo da África Subsaariana menos dependente de importações caras de combustível, especialmente porque Angola pretende eliminar os subsídios aos combustíveis .
O investimento para a primeira fase atingiu cerca de 500 a 550 milhões de dólares, disse Bostandjiev, acima da estimativa inicial de 473 milhões de dólares, uma vez que os custos aumentaram devido à pandemia da COVID-19 e à inflação.
A anterior meta para a conclusão da primeira fase era julho de 2025.
O projecto de raiz irá refinar o petróleo bruto angolano de Cabinda, fornecido pela empresa estatal Sonangol a um ritmo de 30 mil barris por dia (bpd), e irá satisfazer 5 a 10% das necessidades do país, disse Bostandjiev. A Sonangol é accionista de 10% do projecto.
Uma segunda fase aumentará a capacidade de processamento de crude para 60.000 bpd e colocará em funcionamento uma unidade de hidrocraqueamento para a produção de gasóleo e combustível de aviação, cerca de um ano e meio a dois anos após o início das operações da refinaria.
“Angola exporta actualmente 98% do seu petróleo bruto e importa quase 100% dos seus produtos refinados da Europa, por isso imaginem quão ineficiente é todo este sistema”, disse Bostandjiev, citado pela Reuters. A China é o maior comprador de crude angolano, representando quase 60% das exportações de 2023, segundo dados da Kpler.
Uma vez operacional, a refinaria exportará inicialmente fuelóleo e nafta, que não podem ser processados localmente, ao mesmo tempo que abastece o mercado local com gasóleo e combustível de aviação, disse Bostandjiev.
O financiamento para a segunda fase ainda não foi finalizado, disse Bostandjiev, acrescentando que se espera uma decisão final em Abril ou Maio, quando a central estiver operacional.
A refinaria poderá também exportar algum combustível para a República Democrática do Congo em fases posteriores, disse Bostandjiev.
De acordo com a Reuters, a Gemcorp, uma empresa de investimento em mercados emergentes com sede em Londres, foi o único investidor ocidental na refinaria, o que Bostandjiev atribuiu aos quadros ESG que impedem muitas instituições ocidentais de investir em projectos de petróleo e gás.