O MPLA, partido no poder, e a UNITA deverão partilhar a esmagadora maioria dos 220 lugares da Assembleia Nacional e, segundo a Constituição, os dois primeiros da lista nacional do partido mais votado serão, automaticamente, presidente e vice-presidente de Angola.
Quase 14,4 milhões de angolanos são esta quarta-feira chamados a votar nas eleições gerais, um processo considerado pouco transparente pela oposição, mas que o Governo acredita e considera ser exemplar.
Os dois favoritos, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) e a União Nacional para a Independência de Angola (UNITA) deverão partilhar a esmagadora maioria dos 220 lugares da Assembleia Nacional e, segundo a Constituição, os dois primeiros da lista nacional do partido mais votado serão, automaticamente, Presidente e vice-presidente do país.
O MPLA indica João Lourenço (candidato à reeleição) e Esperança Costa, para Presidente e vice-presidente do país. Já a UNITA indica o seu líder Adalberto Costa Júnior e, como número dois, Abel Chivukuvuku, fundador e antigo líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), o terceiro partido com mais assentos parlamentares.
As campanhas intensificaram-se nos últimos dias e ambos os partidos reclamam ser os mais bem posicionados para garantir as preferências dos eleitores.
Do lado do MPLA, o candidato João Lourenço apostou em mostrar trabalho feito, prometendo acabar no próximo mandato o que deixou por fazer nos cinco anos em que esteve na Presidência do país, apontando culpas à pandemia de covid-19.
O candidato da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, focou-se no “cansaço” e erros do MPLA, que não conseguiu tirar ainda os angolanos da pobreza e centrou as promessas nas eleições autárquicas – que João Lourenço tinha prometido concretizar e falhou – e numa revisão constitucional que retire os excessos de poder ao Presidente.
Além do MPLA e da UNITA, concorrem mais seis formações políticas: CASA-CE, Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Partido de Renovação Social (PRS), Aliança Patriótica Nacional (APN), Partido Humanista de Angola (PHA) e Partido Nacionalista para Justiça em Angola (P-Njango).
O período eleitoral foi também marcado pela morte no dia 8 de julho, em Barcelona, Espanha, do ex-presidente José Eduardo dos Santos, e pela contenda familiar que se seguiu, um braço de ferro judicial e diplomático em que levou a melhor a viúva, Ana Paula dos Santos, e os seus três filhos, apoiados pelo Governo angolano, contra os filhos mais velhos que estão em rota de colisão com o regime e não vão estar presentes nas exéquias.
O executivo ainda não avançou com a data oficial para o funeral de Estado que pretende fazer, mas se acontecer a 28 de agosto, como foi veiculado por dirigentes do MPLA, acontecerá ainda no rescaldo das quintas eleições angolanas, que se adivinham renhidas.
Mais de 13 mil assembleias de voto
A polícia angolana mobilizou desde segunda-feira todo o efetivo, devido às eleições, até quinta-feira, e 75% dos meios entre “26 de agosto e 6 de setembro”.
As “medidas de prevenção” e segurança, de acordo com uma diretiva do Ministério do Interior angolano, vão vigorar até 1 de setembro, em que está prevista a “tomada de posse dos membros eleitos”.
Segundo a polícia angolana, mais de 80 mil efetivos, sendo que 35.930 ligados diretamente para assegurar as mais de 13.000 assembleias de voto, devem garantir a segurança das eleições angolanas.
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE), entidade que ao longo deste período tem sido a principal visada pelas críticas dos partidos da oposição, criou 13.238 assembleias de voto, constituídas por 26.443 mesas, no território nacional, e 26 assembleias de voto com 45 mesas no estrangeiro, para as quais foram recrutados 105.952 membros.
Do total de 14.399 milhões de eleitores, que poderão votar entre as 07:00 e as 17:00, 22.560 são da diáspora, distribuídos por 25 cidades de 12 países de África, Europa e América.
Em Portugal, estão registados para votar cerca de 7.600 angolanos.