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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

PSD teve o pior resultado da sua história

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Expresso

21,9%. Nunca, desde a sua criação, o PSD tinha caído tão baixo em eleições nacionais. No seu primeiro teste como líder social-democrata, Rui Rio tem um resultado pior do que o pior das europeias, e também pior do que o pior resultado em legislativas. E fica onze pontos atrás do PS

Nunca, desde a sua fundação, o PSD teve um resultado tão baixo em eleições nacionais: 21,9% é bastante abaixo do pior resultado de sempre do PSD concorrendo sozinho a eleições europeias – o recorde negativo eram os 31,1% de 1999, com Pacheco Pereira como cabeça de lista.Mas o resultado de hoje não é apenas um novo recorde negativo em noites europeias: nunca um PSD teve uma noite eleitoral tão negra. Olhando para todo o histórico de eleições nacionais disputadas pelo PSD, os pouco mais de 22% de hoje ficam aquém dos 24,35% das eleições legislativas de 1976, que representavam o resultado mais baixo de sempre dos sociais-democratas em eleições nacionais.

O semblante dos dirigentes sociais-democratas no hotel do Porto onde se fez a noite eleitoral laranja era, de resto, eloquente. O rosto fechado de Nuno Morais Sarmento, focado em grande plano durante os diretos, dizia mais do que os sorrisos forçados de Paulo Rangel e Rui Rio.

O líder do PSD, recorde-se, não só tinha garantido que venceria estas eleições, como chegou a dizer que o seu partido tinha “a vida mais facilitada” porque o PS “não foi particularmente feliz na escolha do seu cabeça-de-lista”. Mais: Rui Rio já assumiu que o seu grande alvo eleitoral são os abstencionistas. Se há certeza sobre as eleições deste domingo é que a abstenção bateu recordes.

Tanto Rangel como Rio insistiram numa suposta subida do partido em relação a 2014 – porém, é uma alegação impossível de demonstrar, uma vez que nessa eleição o PSD concorreu coligado com o CDS, pelo que não há como saber qual a percentagem de um partido e de outro no resultado de 27,7% que tiveram em conjunto.

Manuela Ferreira Leite tentou, na TVI, amenizar a derrota do amigo Rui Rio, recusando uma “análise catastrófica”. A ex-líder do PSD comparou este resultado com a da coligação, em 2014, considerando que há cinco anos também ficaram atrás do PS e foram esses resultados que “conduziram à vitória nas legislativas do PSD e do CDS”. “Não percebo porque é que, em 2019, os mesmos resultados dão uma catástrofe para o PSD”, acrescentou Ferreira Leite, fingindo não perceber a diferença entre estar no Governo ou na oposição, estar em dinâmica de crescimento ou em ciclo descendente.

“CLARO QUE TENHO CONDIÇÕES”, DIZ RIO

Questionado sobre se terá condições para continuar a liderar o PSD, com vista às legislativas de outubro, Rio garantiu que sim. “Claro que tenho condições para levar o PSD a um bom resultado”, respondeu, prometendo mudanças na forma de fazer campanha e chegar ao eleitorado – mas sem ser capaz de explicar que aspetos concretos da campanha agora terminada, e delineada por si, terão falhado.

O líder social-democrata apressou-se a apontar a frente, para as legislativas, com o aviso de que “ou o PSD chega a outubro como alternativa ao PS, ou não há alternativa ao PS”.

Rio diz acreditar que terá o partido consigo, pondo desde já de parte a possibilidade de contestação interna que possa por em causa a sua liderança. “Se já foi difícil andar um ano com turbulência interna e chegar a estas eleições assim, como não será chegar a outubro se entretanto vierem fazer a mesma coisa”, avisou.

“ESTADO DE COMA”, PREVÊ MARQUES MENDES

O facto é que desde janeiro o PSD está em paz interna. Mas os resultados deste domingo estão a ser passados a pente fino pelos seus críticos. Um deles, o ex-deputado Luís Menezes, escreveu neste domingo à noite, no Twitter, que “Rio deve continuar como líder do PSD. Fica com a ‘tatuagem’ do pior resultado de sempre. Mas depois de hoje, se o PSD não mudar de discurso e de estratégia, nas legislativas será ainda pior.”

Na SIC, Marques Mendes confessou estar “em estado de choque” com o resultado do seu partido e sentenciou o futuro próximo do líder do PSD e dos seus críticos. PSD e CDS vão arrastar-se até às próximas eleições “em estado de coma”, e Rio “parte para as legislativas em circunstâncias muito mais difíceis”. Quanto à oposição interna, “admito que vá haver alguma perturbação, mas em qualquer circunstância não deve haver uma crise de liderança”.

Recorde-se que, há um ano e meio, quando disputou com Pedro Santana Lopes as diretas para a liderança social-democrata, Rio insistiu nos debates que caso vencesse o seu adversário, o PSD deixaria de ser um partido grande e passaria a ser “um partido médio”.

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