Jornal de Angola – Há quantos anos foi criada a Associação de Apoio aos Combatentes das ex-FAPLA?
António Fernando – A ASCOFA existe desde 10 de Janeiro de 2001, tendo como objectivo fundamental da sua existência a criação de condições sociais para os ex-militares das FAPLA. Isso passa, em primeira instância, pela assistência médica, educação, emprego e reforma militar, junto da Direcção Principal do Pessoal e Quadros do Estado-Maior General das Forças Armadas de Angola.
JA – Após dez anos de existência, o que foi feito?
AF – Muita coisa. Sobretudo no sentido da inserção dessas pessoas na actividade produtiva, enquadramento de cerca de 258 camaradas a nível da Direcção Provincial da Fiscalização de Luanda, 60 elementos enviados para a direcção das operadoras de transporte público Macom e TCUL, outros 180 para o MAPESS e Caminhos de Ferros de Luanda.
JA – Que projectos tem a organização a nível do país?
AF – Vários projectos ligados às áreas de agricultura, pesca, pecuária e fomento de pequenos negócios.
JA – O que tem sido feito para melhorar o nível de vida dos ex-militares e seus familiares?
AF – Como parceiros estratégicos do Governo, a nossa actividade tem estado muito direccionada para a inserção dos nossos associados em actividades ligadas às áreas de produção agrícola e formação em centros de artes e ofícios destes e dos seus familiares. Criámos, também, uma política de campanha de sensibilização e mobilização sobre a inserção na sociedade.
JA -Além do Ministério da Defesa, a ASCOFA conta com o apoio de outras instituições?
AF – Em abono da verdade podemos dizer que contamos com o Ministério da Defesa e com outros organismos do Estado. A nossa parceria é apenas de trabalho. Em termos de apoios institucionais, nunca beneficiámos de nada.
JA – Como são suportadas as despesas da Associação?
AF – Desde que foi declarada Associação de Utilidade Pública, nunca lhe foi atribuído um orçamento, o que possibilitaria uma outra dinâmica e aliviar o peso do trabalho que temos vindo a ter a nível de todo o território nacional.
JA – Tem encontrado muitas dificuldades?
AF – Dificuldades relacionada com a falta de uma sede para podermos funcionar condignamente, falta de subsídio para as nossas representações a nível das províncias, falta de meios de circulação para as incursões. Mas o trabalho nunca parou, visto que o objectivo fundamental da existência da ASCOFA é procurar ajudar todos aqueles que, com armas na mão, se sacrificaram pela independência no nosso país.
JA – Quanto recebe do Estado para apoiar os ex-FAPLA?
AF – Cerca de mil milhões de kwanzas.
JA- Como é gasto o dinheiro?
AF – Em subsídios aos funcionários que asseguram diariamente os trabalhos administrativos da Associação. Façam as vossas contas e tirem as conclusões. O que se pode fazer com este dinheiro? Temos a situação das nossas representações nas províncias, que trabalham arduamente junto das comunidades. As famílias sabem que o marido foi trabalhar, mas quando termina o mês, ele não tem nada para apresentar o resultado do seu trabalho.
JA – Têm sido dados apoios aos filhos dos ex-militares, concretamente através de bolsas de estudo?
AF – Existem apoios nesse sentido, dentro das quotas postos à disposição do Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria. O nosso trabalho também contempla o apoio tanto às viúvas como aos órfãos de guerra.
JA- Há a preocupação de empregar os filhos?
AF – Realmente, é a referência que já fiz. Muitos dos candidatos enviados para integrar a Direcção da Fiscalização de Luanda são filhos de antigos combatentes, tendo em conta o estado avançado de idade dos seus pais. O governador da província de Luanda deu-lhes essa possibilidade.
JA – Quais são os valores que os ex-militares filiados na Associação recebem mensalmente?
AF – Da Associação não recebem nada. Mas aqueles que são oficiais e com as reformas já tratadas junto da Direcção Principal do Pessoal e Quadros do Estado-Maior General das FAA recebem através da Caixa de Segurança Social das Forças Armadas.
Fonte: Jornal de Angola