Grandes mutações transformam radicalmente o meio económico tradicional, numa economia atípica como a nossa, esses efeitos são exponencialmente devastadores, com impactos directos no desemprego, na eficiência empresarial, no peso acrescido já excessivo do endividamento público, no poder de compra das famílias e no limite na capacidade de muitos irmãos nossos terem a possibilidade de comer uma refeição digna diariamente.
É um Erro do programa, evidenciar como uma das prioridades do PRODESI a diversificação das Exportações, é um erro torná-la nos dias de hoje como missão estratégica para o País, porquê?
O nosso tecido industrial tímido não tem “força”( know-how, tecnologia, inovação, qualidade e imagem) para produzir produtos/serviços capazes de furar barreiras e posicionar-se como produtos/serviços substitutos em mercados além-fronteiras.
Além disso, o tema da Exportação está rodeado de ineficiências (para não chamar de esquemas) que nos tiram os nossos recursos de forma perversa e lesiva à economia nacional, bem-estar da sociedade e suas necessidades básicas, se não vejamos;
Em 2019, Exportamos 56 milhões de dólares americanos em Peixes e Crustáceos a procura de divisas e a bendita diversificação das Exportações, mas nesse mesmo ano tivemos a necessidade de comprar fora esses mesmos Peixes e Crustáceos no valor de 60 Milhões de Dólares, seguindo nesta ordem de ideias, Exportamos 4 Milhões de Dólares em Produtos Hortícolas, plantas e raízes, mas depois tivemos de Importar 69 milhões de dólares desses mesmos produtos, o exemplo de incoerência continua e caracteriza de forma geral a nossa Balança Comercial, para final de exemplo, para não tornar o texto extenso em demasia, temos as Exportações de Madeira e obras de Madeira que em 2019 foi de 40 Milhões de dólares, mais depois tivemos de gastar metade dessas divisas para importar essas mesmas obras de madeira em cerca de 23 milhões de dólares americanos.
Logo, a nossa única vantagem competitiva para diversificar as exportações será as matérias-primas, exportadas quase como extraímos dos nossos solos e mares, nos dando um atestado de incompetência de não saber tratar as nossas próprias coisas, incompetência de acrescentar valor aos nossos recursos e torna-los produtos, criar empregos que estamos cedentes e com isso trilhar o nosso caminho rumo a industrialização.
Dito isto, hoje, a Substituição das Importações com um valor anual de 14 Bilhões de Dólares Americanos (2019), deve ser encarada como o foco e a principal estratégia a ser perseguida, a verdadeira grande oportunidade, percebendo exatamente e ao detalhe a estrutura do cabaz importado, convergindo com as reais necessidades básicas que temos e só aí direcionar e atrair investimento, alocando todos os recursos necessários para sua efetivação e desenvolvimento.
Um dos caminhos essenciais a seguir, é a construção e proliferação das mais variadas ramificações da Indústria Transformadora, por exemplo;
Indústria de Conservas, sardinhas, atum e cavala, obedecendo o ciclo natural de captura, nos dá a possibilidade do excedente ser conservado por períodos longos e com isso acabar com a importação que é de mais de 100 milhões de dólares ano, 50 milhões acima do que exportamos em peixes fresco para o exterior. Se somarmos os subprodutos que resultam dessa indústria, como óleo de peixe, farinha de peixe, obteríamos outra poupança de divisas em termos de importação e ainda barateávamos os preços das latas que custam 100g – 500kz contra 1kg da nossa lambula fresca que pode custar 300 kz em época de muito peixe.
Este exemplo, serve para quase tudo que importamos como produto final ou insumos (conservas de tomate, concentrados de sumos, açucares, cereais, etc..) para nosso tímido sector industrial.
Não podendo deixar para trás, uma aposta séria, contínua e de qualidade na educação, formação técnica e profissional para que se possa capacitar as pessoas, torná-las autónomas, capazes de contribuírem positivamente na sociedade e economia, percebendo que não há eficiência sem conhecimento e não há inovação sem investigação e desenvolvimento.
Caso não olhemos para a check-list do cabaz importado com seriedade, bem podemos continuar com as práticas de rezas para subida do preço do petróleo, malabarismos de gestão das Reservas Internacionais Líquidas (divisas), diminuindo constantemente a fatia de pão que podemos comer, ou, seguir as palavras do nosso ministro e começar a comer ginguba com bombó, mas espera, a própria mandioca que se faz o bombo é importada do Congo RD, Ups…