A procuradora-geral de Portugal, Lucilia Gago, rejeitou nesta quinta-feira as críticas do Partido Socialista de que ela foi responsável pela renúncia do primeiro-ministro António Costa devido a uma investigação sobre supostas irregularidades em seu governo.
Membros proeminentes do partido culparam Gago pela queda de Costa, mas ela disse que os promotores estavam “fazendo seu trabalho” e são obrigados por lei a investigar as alegações.
“Naturalmente, não me sinto responsável, porque foi uma avaliação pessoal e política feita (por Costa)”, disse Gago, que raramente fala com a mídia, em entrevista às margens de uma conferência.
Costa renunciou ao cargo em 7 de novembro devido a uma investigação sobre supostas ilegalidades na condução de projetos de lítio e hidrogênio por seu governo. O presidente Marcelo Rebelo de Sousa convocou uma eleição antecipada para 10 de março.
Os promotores disseram que Costa também era alvo de uma investigação relacionada, mas ele negou qualquer irregularidade.
O presidente do Parlamento, Augusto Santos Silva, também do Partido Socialista, criticou na semana passada os promotores por “acumularem erros”, depois que um juiz retirou as acusações de corrupção e prevaricação contra cinco suspeitos.
O juiz manteve as acusações de tráfico de influência e oferta de vantagens indevidas, mas os socialistas levantaram dúvidas sobre a força da investigação dos promotores.
Santos Silva disse que alguns membros do Judiciário viam a atividade política como “suspeita por natureza e tendem a criminalizar a ação política e governamental”.
Ele cobrou que o Judiciário decidisse o caso de Costa antes da eleição antecipada.
“Continuaremos a realizar as investigações sem nenhum drama. Sinto-me no dever de apresentar os melhores resultados possíveis”, disse Gago.
Por Sergio Goncalves