A Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, deu início, ontem, a uma campanha de doação de kits, para recém-nascidos, que vai abranger oito províncias do país, no âmbito do projecto Nascer Livre para Brilhar, em alusão ao Dia Internacional da Criança.
Durante o lançamento da campanha, na Maternidade Lucrécia Paím, em Luanda, foram doados 900 kits, compostos por mosquiteiros, toalhitas, fraldas, berços, cremes e roupas.
De acordo com o progra-ma, a campanha vai decorrer, também, durante este mês de Junho, nas províncias de Benguela, Moxico, Cunene, Cuanza-Sul, Lunda-Sul, Huambo e Huíla.
Ana Dias Lourenço disse que o acto solidário enquadra-se nos esforços da campanha Nascer Livre para Brilhar que visam evitar e reduzir a transmissão do VIH/Sida de mãe para filho, bem como a diminuição do estigma e discriminação, que afecta as pessoas que vivem com a doença.
“A campanha Nascer Livre para Brilhar tem como objectivo reduzir o número de novas infecções de VIH/Sida em mulheres em idade reprodutiva, prevenir a transmissão vertical do vírus da mãe para o filho e garantir que as crianças nascidas neste contexto recebam o tratamento e tenham um acompanhamento que as proporcione uma vida saudável”, esclareceu.
A Primeira-Dama da Re-pública anunciou que a intenção é mobilizar uma vez mais as gestantes para o parto nas unidades hospitalares e garantir que os pais tenham condições de melhor cuidar dos seus filhos logo à nascença.
Os produtos compostos nos kits, referiu, servem para incentivar a higiene do bebé e da mãe, como uma medida essencial nos primeiros tempos de vida.
“É importante que as mães levem os filhos com regularidade às consultas, cumpram o calendário de vacinação e assegurem uma amamentação e alimentação saudável”, apelou Ana Dias Lourenço.
A Primeira-Dama da República explicou ser importante assegurar também a saúde das próprias mães, por isso apela que todas as mulheres em idade reprodutiva façam consultas de rotina, planeamento familiar e as que estiverem grávidas o teste de VIH para receberem o devido tratamento.
A acção promovida pela Campanha Nascer Livre para Brilhar consta do plano operacional para contribuir para a redução da taxa de transmissão vertical, enquadrada nos Objectivos da Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
Gestos que podem salvar vidas
Ana Dias Lourenço considera que para garantir o nascimento de uma criança saudável e o seu crescimento brilhante é preciso que todos estejam envolvidos nesta campanha, fazendo uma corrente de boa vontade, com trabalho árduo e ternura, para que um pequeno gesto permita alcançar estes objectivos.
“Façamos das crianças o centro das nossas atenções todos os dias. Vamos construir um ambiente de paz e harmonia, que contribua para o seu desenvolvimento pleno. Não posso deixar de dar uma palavra de apreço aos profissionais de saúde, especialmente àqueles que se dedicam ao atendimento a mulheres e crianças”, reconheceu.
Ana Dias Lourenço disse que o papel dos médicos é determinante para que todas as acções e ferramentas disponíveis determinem que o corte de transmissão vertical de mãe para filho tenha um efeito positivo.
A Primeira-Dama agradeceu aos parceiros pelo esforço, dedicação e apoio que têm dado à campanha Nascer Livre para Brilhar.
“Com pequenos gestos de amor e cuidado desde a nascença, faremos delas grandes adultos, livres para brilharem. Desejo a todas as crianças um 1 de Junho feliz”.
A campanha Nascer Livre para Brilhar foi lançada em 2018, na cidade do Luena, província do Moxico, sendo uma iniciativa da União Africana e da Organização das Primeiras Damas Africanas para o Desenvolvimento.
Lucrécia Paím com 1.529 pacientes seropositivas
A directora da Maternidade Lucrécia Paím, Manuela Mendes, informou, ontem, que a unidade hospitalar acompanha 1.529 pacientes grávidas seropositivas e garantiu que nenhuma delas sofre algum tipo de estigma.
Manuela Mendes disse que a maternidade trabalha neste momento para descentralizar a realização de partos, tendo sido criado mais um turno composto por equipas contratadas, que trabalham das18H00 às 00H00, de modo a evitar enchentes e longas listas de espera.
A directora da maternidade fez saber que esta medida tem sido uma mais-valia, porque faz diminuir o tempo de espera. “As crianças devem nascer livres para brilhar, não só do VIH/Sida, mas também de todas as complicações que podem surgir no decurso da gravidez e do parto”, salientou.
Manuela Mendes informou que a direcção está a fazer o melhor para que as mulheres angolanas tenham partos seguros e os seus filhos nasçam saudáveis, para brilharem na sociedade.
A directora esclareceu que a maternidade, com capacidade para fazer 50 partos por dia, actualmente chega a 150.
Referiu que esse número de partos diários é reflectido em todos os aspectos, concretamente na capacidade de atendimento, em altas precoces, no internamento de recém-nascidos e de pacientes submetidas à cirurgia.
Manuela Mendes alertou que quando o parto não é bem seguido, as crianças podem ter epilepsia, atraso mental e dificuldades de aprendizado na escola.
Realçou que ainda existem mulheres que são seropositivas e que só vão à maternidade na altura do parto, sabendo que só é possível fazer o corte de transmissão vertical em pessoas que são acompanhadas regularmente. “Nos últimos três meses não registamos casos de recém-nascidos que foram infectados por mães seropositivas”.
“Muito está por se fazer na protecção da criança”
O Presidente da República, João Lourenço, reconheceu que, apesar dos imensos avanços já registados, muito está por se fazer na protecção das crianças a todos os níveis, assim como no empoderamento das famílias, núcleo no qual as primeiras atenções devem ser prestadas à criança e transmitidos os primeiros valores, para se garantir a sua formação plena e prevenir eventuais desvios de conduta.
“Em Angola assinala-se o Dia da Criança a 1 de Junho, data em que em 1950, por iniciativa das Nações Unidas, se reconheceu formalmente o direito das crianças ao afecto, amor e compreensão, alimentação adequada, cuidados médicos, educação gratuita, protecção contra todas as formas de exploração e a crescer num clima de paz e fraternidade”, lê-se na mensagem do Presidente da República.
Segundo João Lourenço, desde os primeiros anos da Independência esses direitos começaram por ser consagrados na célebre palavra de ordem “Dar à criança tudo que ela merece” e foram formalizados nos 11 Compromissos da Criança adoptados pelo Governo angolano em 2007 e em outros diplomas de igual importância.
A mensagem acrescenta que os organismos oficiais vocacionados para o efeito devem continuar a envidar esforços no combate à fuga à paternidade, gravidez precoce, violência doméstica, agressões sexuais, práticas obscurantistas, como acusar crianças de feiticeiras, exploração do trabalho infantil e outras situações negativas que estão na origem de muitos dos problemas que a criança em Angola ainda sofre.
O Presidente da República saúda todas as crianças de Angola e as suas congéneres do mundo inteiro, desejando que realizem todos os seus sonhos num futuro de paz e prosperidade.
Mães agradecem apoio
Lídia João tem 29 anos, chegou à Maternidade Lucrécia Paím no dia 30 de Maio e teve o parto no dia seguinte. Contou à nossa reportagem que chegou num estado normal, porque sempre cumpriu com o programa de tratamento durante a gestação.
A jovem disse ter ficado satisfeita com o presente recebido das mãos da Primeira-Dama da República. “É a primeira vez que a vejo pessoalmente, por isso senti um grande impacto e emoção”, desabafou.
Fabiana António entrou no sábado na maternidade e deu à luz no domingo, através de cesariana. Contou à nossa reportagem que chegou ao hospital sem dor, estava apenas com a bolsa de água rebentada.
Fabiana garantiu que cumpriu com todo o processo médico e teve uma menina saudável. Também se sente feliz pelo gesto de Ana Dias Lourenço e espera que esta acção seja estendida para mais pessoas necessitadas.