O presidente do Haiti, Jovenel Moïse, foi assassinado esta madrugada na sua residência por um comando. A esposa dele ficou ferida durante o ataque e foi hospitalizada. A morte de Jovenel Moïse faz recear uma desestabilização ainda maior deste país confrontado à miséria, corrupção e criminalidade em larga escala.
Segundo informou hoje o chefe do governo interino que anunciou a morte do presidente do Haiti, o ataque ocorreu na sua residência privada por volta da uma hora da madrugada e os assaltantes falavam inglês e espanhol. A “situação de segurança está controlada”, garantiu ainda o chefe do executivo, Claude Joseph, que ao indicar que a polícia e o exército estavam a assegurar a ordem, apelou a população a manter-se calma.
Vindo do mundo dos negócios, activo nomeadamente no agro-negócio, Jovenel Moïse, 53 anos, tinha sido eleito presidente em 2016, sem nenhuma experiência política mas com a promessa de desenvolver a economia do país. Ele tomou posse a 7 de Fevereiro de 2017, mas o seu mandato foi marcado pela instabilidade política, com a nomeação de 7 primeiros-ministros sucessivos, e uma direcção incerta desde Janeiro de 2020, altura em que passou a governar por decreto, sem o parlamento. Jovenel Moïse tinha ainda a intenção de organizar em Setembro um referendo constitucional visando reforçar os poderes do executivo.
O mandato do Presidente do Haiti caracterizou-se igualmente pela instabilidade social e uma forte desconfiança da população perante as suas dificuldades em lidar com a criminalidade galopante. Os raptos contra resgate cometidos por gangues que gozam de uma relativa impunidade têm feito parte do quotidiano deste que é um dos países mais pobres do mundo. Ainda no passado dia 30 de Junho, 15 pessoas foram mortas em pleno centro da capital.
O assassinato de Jovenel Moïse suscitou a indignação pelo mundo fora. O chefe do governo britânico declarou-se “chocado” por este “acto hediondo”. Ao qualificar quanto a si, este ataque de “terrível” e “trágico”, a Casa Branca declarou-se disponível para ajudar o Haiti. Perante um possível cenário de caos, tanto os Estados Unidos, como a União Europeia, como a ONU, apelaram à organização de eleições presidenciais e legislativas ainda este ano.