O Presidente da República, João Lourenço, rendeu hoje, segunda-feira, homenagem ao general Paulo Lara, falecido, terça-feira passada, por doença, na cidade do Porto, Portugal.
João Lourenço, igualmente Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA), escreveu, no livro de condolências, que “em nome da minha família e do Executivo exprimo profundas condolências à família do general Paulo Lara”, falecido aos 65 anos de idade.
Por seu lado, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, disse tratar-se da perda de “um grande combatente”, que desde a sua infância bateu-se pela causa do povo angolano, contribuiu para a conquista da independência e da estabilidade política nacional.
A vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, definiu o general Paulo Lara como “um combatente da liberdade, que se notabilizou pela sua participação nas forças militares e a causa da independência”, tendo considerando que o seu passamento físico será sentido pelo povo, pelas FAA e pelo seu partido.
Elogio Fúnebre
No elogio fúnebre, lido pelo seu irmão adoptivo, Jean Michael, a família enalteceu Paulo Lara, como pessoa que se fazia respeitar, pelo seu carácter, coragem, coerência e lealdade, tendo lembrado o esforço conjunto do falecido, para denunciar internacionalmente as atrocidade coloniais, em Angola.
Por seu lado, o ministro da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos, e o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, Egídio dos Santos, sublinharam o militar disciplinado, que desde muito cedo se disponibilizou para a luta de libertação e que chegou a general por mérito próprio.
O antigo chefe de Estado-Maior do exército angolano, general António dos Santos França ” Ndalu”, afirmou que perdeu-se um militar cumpridor das suas funções, estudioso e que compilava as missões militares e de guerra, enquanto para o general Carlos Coceiro, calou-se “um militar correcto e honesto, que teve uma vida muito intensa”
Paulo Lara era filho do nacionalista Lúcio Lara, um dos mais destacados dirigentes da luta de libertação de Angola, e de Ruth Pflüger Lara, tendo passado a sua infância no exílio, nomeadamente no Congo-Brazzaville, onde fez os estudos primários e secundários.
Desde cedo conviveu com guerrilheiros e militantes do MPLA, no Congo, e, a partir de 1970, acompanhou o pai e outros combatentes as zonas da 2ª Região Militar (Cabinda) e da 3ª (leste de Angola).
Em Abril de 1972, enquadrou-se nas forças guerrilheiras do MPLA e teve os seus primeiros combates, nas áreas de Sanga-Planície e no ataque ao quartel português de Miconge (província de Cabinda).
Fez formação especializada em Cuba (1975-1976) e na ex-União Soviética (1981-1985), desempenhando cargos na hierarquia militar, além de acções nos campos de batalha e ao nível da análise e estratégia e na reestruturação das Forças Armadas Angolanas.
Entre 1989 e 1991, com a patente de tenente-coronel, foi chefe adjunto da Direcção de Operações do Estado-Maior General. tendo sido, a partir de 1992, chefe da Divisão de Planeamento e Organização e cumprido várias missões, não só em Angola, com envolvimento nas operações “Restauro”, “Hexágono” e “Triângulo”, como na República Democrática do Congo e na República do Congo.
Promovido a general, em 2003, interrompeu a sua actividade militar activa, para concluir o curso de Relações Internacionais e dedicar-se a recolha de documentação e testemunhos sobre a luta pela independência de Angola, sendo co-fundador e um dos principais impulsionadores da Associação Tchiweka de Documentação (ATD).
Dirigiu o projecto “Angola – Nos Trilhos da Independência”, da Associação TchiweKa de Documentação (ATD), e foi co-produtor do documentário “Independência”, vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes, em 2016, na categoria de Cinema e Audiovisual.
Participou em conferências relacionadas com História da Luta de Libertação em Angola, em países como Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor Leste e Portugal.