Em menos de um ano de mandato, à frente da Cruz Vermelha de Angola (CVA), o presidente da agremiação, Alfredo Pinto Elavoco é acusado de gestão danosa e abuso de confiança, que resultaram num alegado desvio de mais de 400 mil dólares.
Numa denúncia a que o Jornal de Angola teve acesso, os funcionários da Cruz Vermelha de Angola pedem à Procuradoria Geral da República (PGR), a instauração de um inquérito para se apurar os factos, bem como averiguar as actas das reuniões do organismo.
O presidente da CVA, Alfredo Pinto Elavoco, negou as acusações, alegando serem infundadas, de má fé e perseguição, movidas por alguns membros da instituição que não estão satisfeitos com a sua eleição. Segundo os denunciantes, o presidente e o director interino de contabilidade e finanças, Simão Caquarta, na qualidade de voluntários, não devem movimentar as contas da instituição, à luz dos estatutos, exigindo ainda inquéritos às contas bancárias destes, bem como do secretário provincial de Benguela.
“O presidente, por ser voluntário da instituição, não deve fazer estes gastos, usufruir dos bens e nem receber salários. “Ele tem transferido valores para a conta da Cruz Vermelha de Benguela e esta passa para as suas contas pessoais”, refere um dos denunciantes. “Essas acusações não têm consistência.
A situação de Benguela não tem nada a ver com desvios de fundo, porque a transferência que se fez foi utilizada para o pagamento de salários”, justificou Alfredo Elavoco.Os denunciantes exigem ainda a realização de inquérito à nova empresa de segurança, bem como contratos celebrados com algumas pessoas, acusadas de serem supostos familiares dos responsáveis da agremiação filantrópica que trabalham na direcção.
“Estamos diante de gestão danosa, devido ao desvio de mais de 400 mil dólares, pelo actual presidente Alfredo Pinto Elavoco, valores que encontrou na conta da instituição e que foram usados para fins inconfessos”, disse um trabalhador que pediu anonimato. Alfredo Elavoco confirmou que a Cruz Vermelha de Angola está, há oito dias, a ser alvo de investigação por parte da Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE) e da Inspecção Geral da Saúde, na sequência da denúncia dos trabalhadores.
Na presença do director interino da Contabilidade e Finanças, Alfredo Elavoco admitiu que a instituição vive um mau momento, que tem causado o atraso no pagamento de salários aos trabalhadores, há quatro meses. Os trabalhadores dizem não existir bom ambiente de trabalho na Cruz Vermelha de Angola, porque quando é feita uma deliberação, a nível do Conselho Nacional, não é posta em prática, acrescentando que Alfredo Elavoco não cria políticas para arrecadação de fundos.
Estes actos, segundo a fonte que vimos citando, podem fazer com que a CVA seja banida do movimento, devido aos incumprimentos constantes, violação dos estatutos e dos sete Princípios Fundamentais do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
“Existem pessoas que estão arranjar situações para destruir a Cruz Vermelha, porque logo no primeiro mês, a pós assumir a direcção, cheguei a receber uma notificação, algo que achei muito estranho”, desabafou em jeito de defesa, o presidente da CVA.